Poesias de Maio de 2018

Similitude


O rio,
líquida serpente,
se arrasta lento pelo chão do vale.
Na cachoeira,
é boi de rodeio,
cavalo xucro, sem freio.

À maneira dos viventes,
o rio segue seu curso:
ora ameno, ora rangendo os dentes.


Wanderlino Teixeira


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DOR DE UM FILHO



Ar quente da tarde
envolve corpos e mentes
entre esquecimentos e dor
ares de quem está alheia
à própria existência.

Há sofrimento dos entes queridos
visitantes do coração frio
de pais e mães senis, distantes
da própria vida sem rumo.

Como saber o que pensam
entender o que desejam
em que época estão
com quem falam...

Quanta beleza perdida
força vital se dizimando lentamente,
não sou mais filho.
Um estranho perdido
num universo mental envelhecido
pela doença maldita.

Nada há para fazer.
Só a espera,
a dor, saudade,
a lembrança do amor
revolta contida
lágrimas recolhidas na alma
sufocadas no coração!

O mal que domina o cérebro é atroz.
Impede os sentimentos
as lembranças recentes
aliena o olhar que
vê o nada.

Movimentos lentos, involuntários
sem direção ou ação,
gritos viscerais, ancestrais.
A alma pede socorro...

Agressividade aguçada
sem motivo aparente.
Presente de Deus o esquecimento...
Castigo para os filhos
que nada compreendem
apenas a dor persistente...


Ligi@Tomarchio®



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ENQUANTO QUISERMOS



Você não pagou ingresso
para entrar no meu amor.
Entrou de mansinho, como um "penetra"
Quando notei, 
você já estava no meu ser.

E me deu
abraços querentes,
amor maroto,
amor gostoso.

Mergulhei neste querer,
buscando ser como só
amantes sabem ser.
E assim, juntos, felizes, ficaremos,
homem e mulher, enquanto quisermos.


Leda Mendes Jorge Aidar


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POR QUÊ ?


Por que em carne nos tornaste
sobre este vale a esmo
nesta árida procura
Por nós mesmos?

Olho-Te pelo rosto do Sol
e as perguntas se esboroam;
apagas Teu luzeiro,
Trevas os ermos povoam
mas nos ensinaste
a fazer um farol.

Nessa infinda procura
pelo próprio Eu,
a Tua luz na selva escura
nem por um segundo,
pelas vias do mundo,
do menor entre os homens se esqueceu.

Embriagamo-nos de mundo,
na inconsciência adormecidos;
imergimos, por vez, em profundos
pesadelos e gemidos
que nos nascem do mais fundo
daqui dos nossos corações feridos.

Mas no final de todo o desencontro,
qual drama a se fechar no último ato,
volvemos a Ti  num derradeiro encontro,
alheios a este mundo insensato,
Para Ti voltaremos todos juntos,
Para viver no Amor de fato.


Geraldo Generoso


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POESIA


Desde sempre
eu gostava de ler poemas
e me encantava.

Desde sempre
eu decorava versos de outros
e recitava.

Desde sempre
eu desejava fazer poemas
e pelejava.

Desde sempre
eu te quero, Poesia, junto de mim,
até sempre, até o fim.


Neide Barros Rêgo
Para Maria Sabina (1987).


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A Rosa Branca


Rosas são tão encantadoras,
mesmo vivendo entre espinhos,
que são exemplos como lutadoras,
irradiando beleza em seus cantinhos.

Minha avó cultivava flores,
um jardim de rosas variadas,
mas também plantava amores,
seus netos, crianças abençoadas.

Entre tantas flores do viveiro,
havia a que era muito especial,
a rosa branca de estilo fagueiro,
com uma beldade sutil e essencial.

Hoje vive em minha memória,
pois seu canteiro não existe mais,
para recordá-la conto esta história,
a poesia há muito lhe devia ademais.


Lupércio Mundim


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AGASALHA TEU IRMÃO!



Procura fazer o bem
sem pensar em recompensas,
pois, mais adiante, no Além,
as terás mais do que pensas!

Num inverno rigoroso,
tu tens a oportunidade
de te fazer caridoso,
cônscio da fraternidade.

Todo excesso é desprezível;
e a ostentação, Deus condena.
Com amor, tudo é possível,
ser fraterno vale a pena!

Insiste na caridade,
vai mais além no horizonte;
socorre, pela cidade,
quem mora embaixo da ponte!

Dá tua sobra ao carente,
põe-te a repartir o pão!
Sê qual Jesus a essa gente:
Agasalha teu irmão!


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva SP, 17/05/2018.


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CONTRAÍDAS FACES


O mesmo céu, a mesma imensidão
de vapores e mistérios
sobre mentes múltiplas
de passos trôpegos no chão.

Há os que olham, no entanto,
buscando absorver estrelas
e incrustá-las em mágicos poemas
do mais inebriante encanto. 

Um mesmo chão e pés diversos.
Verdades quase malditas
caem de nervosas bocas,
cuspindo os deslocados versos.

Mundo de horror às flores.
A mentira gargalha
e em noite de lua cheia
zomba de esbofeteadas dores.

Mas os dias passarão.
Sôfrega à mão do vento,
a epiderme dos sonhos
agasalhará o coração.


Regina Coeli



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Criado em 1º de Dezembro de 2009