Poesias de Fevereiro de 2018

Meu chão


A casa e suas sutilezas.
Gosto que meus passos a percorram em seus espaços,
viagens em torno dos meus acertos e das minhas incertezas.
A casa e suas miudezas.
Porto de onde parto e para o qual sempre retorno.
Âncora e vela.
Gosto dos segredos que habitam a casa,
abrigo dos meus degredos voluntários.
A casa e os desvãos de seus armários.
Nela se aninham meus assombros e meus medos,
que se debruçam, quando em vez, no parapeito da janela


Wanderlino Teixeira


Barra


CONVOCAÇÃO


Levemos a poesia a toda parte.
Tenham vida, em nossa garganta,
as palavras sepultadas no papel.

Vamos, livres de preconceito,
atender a esse apelo.

Levemos a poesia a todos os lugares:
aos salões, às praças, teatros e bares.
Toda gente necessita de arte.
Levemos versos de amor,
canções de paz, orações....
Assim... levaremos o sonho,
emoção e alegria aos corações.

E não esqueçamos das mensagens
capazes de despertar,
nos homens ricos e pobres,
de várias crenças e raças,
os sentimentos mais nobres:
esperança, consciência, reflexão.

Levemos a poesia a toda parte.
É esta a nossa missão.


Neode Barros Rêgo



Barra


CARNAVAL


Visto a fantasia,
Que parece feia
Mas não é real.
Vou para a folia
Buscar um remédio
Para o tédio meu.

Vou fazer sucesso
No rodar do passo
Em cada estribilho.
Vestir-me de gente,
Pra ficar radiante
E cheio de barulho.

Visto um chapéu
De palhaço, azul,
Pra pular sozinho:
Não fui ao ensaio,
Sou mais um no meio,
Só...neste rebanho.
Vou viver um sonho.
Na garganta, ponho
Uma marcha escrita.
Depois eu me benzo,
Faz-me puro a cinza
E a rotina reato.

Então continua
A outra folia
Do pós-carnaval!
Que vira marasmo
E se faz quaresma,
Volto ao meu normal.


Geraldo Generoso



Barra


QUERO



Ouvi meu ser
te querendo
Aspirei vida quente
no ar

Quero te saborear
como saboreio macadâmeas
e grãos saborosos
que fortalecem.

Quero sempre
me apoiar em ti
Vida que recomeça.


Leda Mendes Jorge



Barra


ANTES DO ARCO-ÍRIS



Tormenta ensurdecedora apavora
um coração distraído com a tristeza
incerteza no amanhã, dor de solidão
constantes acordes em clave de Fá
executadas por um piano que flutua
na beleza da sua perfeição.

A música se torna morna
menos densa, clareando assim,
os sonhos, a visão das águas,
agora calmas, rodeadas de verde.

Sendo sonho, coração alado que sou,
sobrevoo o lago, ultrapasso o verde
e ao longe, uma montanha,
ígnea, quieta, escondendo seu segredo.

No delírio da canção que ora escuto
há claves de sol e fá, todas notas estão no ar
o piano azul é infinito e eu, coração triste,
sinto a magia do sol e das finas gotas
formando um lindo arco-íris.

O amor ainda existe...

Resiste à tristeza...

Há a leveza do ser...

E é!...


Ligi@Tomarchio®
São Paulo - 31/03/2004


Barra


BANCO DA PRAÇA



Às vezes, me dá saudade
Daquele banco da praça;
Foi lá que nossa amizade
Começou a ter mais graça.

Parando pra descansar,
No retorno do colégio,
Aquele banco ao luar
Brindou-nos com privilégio.

Claridade em profusão,
Magia do firmamento;
A lua era um coração
A nosso amor dar alento.

Envolvidos na beleza
De tão repentino lance,
Transformamos com destreza
Nossa amizade em romance.

Assim, eu perdi a amiga
Mas conquistei minha amada;
Foi ali que, à moda antiga,
Nosso amor surgiu do nada.


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva SP, 21/01/2018


Barra


QUANDO A ALMA SE APEQUENA


O verso se procura e não se encontra.
Descarta ideias, porque desconexas, experimenta
palavras como se as estranhasse.
O verso não tem rima, não tem balanço, não tem vida.
Parece que a emoção evaporou das veias. O pouco que
é escrito não faz sentido, tampouco merece ser mantido.
Os dias vão passando de forma modorrenta. A esperança
escasseia. O olhar, então, se volta ao passado onde havia
lua e sol, magia e cores. E lá esse olhar, hoje tão vazio e
tão sonolento dentro de si mesmo, aguarda a boa nova que
anuncie o despertar da poesia.


Regina Coel



Voltar!





Webdesigner: Lupércio Mundim
Poetic Soul Counters

Criado em 1º de Dezembro de 2009