Poesias de Novembro de 2017

As palmeiras


Nas aleias, erguem-se as palmeiras com seus anéis,
suas cabeleiras de palmas
que o vento faz farfalhar quando sopra forte.
Alheias à própria sorte,
aos traumas urbanos,
à inquietude dos humanos,
aos rigores da lida,
aos temores da morte,
sorvem a seiva da vida.


Wanderlino Teixeira



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CATIVEIRO


Incrustado na bruma
- o luar
as águas rodopiam
intenso descobrir
- não revela
o amanhã breve
talvez desnude
- mudo
em surdo remoer
- subvertido
à claridade vã
de profundas lidas
no afã de acordar
- o reencontro.

Um maremoto ensolarado
nas profanas esperanças
- submerso
interino entre pedras
- o pernoite
suposto e cruel
- permanecido
sereno éter
vapor cósmico
insípido sabor
- pasmo
borralho úmido
- engasgado
- cristal bruto
- âmbar
- esmeralda pálida
girinos sobrevoando
toda existência contida.


Ligi@Tomarchio®



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EPÍLOGO



Tão bonita nossa festa!
Padre, igreja e convidados,
Num rito que manifesta
Anseios sacramentados!

De noiva, estava tão linda,
Mais bonita que o normal;
Enquanto eu, nervoso ainda,
Cumpria o cerimonial.

O padre fez o sermão
Ecoando pelo altar,
Senti que meu coração
Começava a disparar.

Mantive a calma dos sábios
Do começo até o fim,
Louco pra ouvir de seus lábios
O tão aguardado "sim".

Seus olhos presos aos meus,
E nos dela me fixei...
Não passou disso, meu Deus!...
Naquele instante, acordei!


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva SP, 26/06/2016.


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A UMA MULHER TRISTE



Quem fez a lágrima
Que é o sal do rosto ?
Não foi a mágoa 
Nem o desgosto.

Esta água que desce
De quase todos os olhos
E à própria alma umedece,
Quem a fez foi Deus.

Assim o homem como a mulher
Ao mundo não vieram só para chorar!
Uma lágrima caída,
Ou muitas, dentro da vida,
Pode ser para regar
Uma ilusão querida.

Tudo se vai com uma lágrima
Que cai de cada face,
E é na fonte da própria tristeza
Que se faz a ponte
Para uma maior beleza.

Se Deus fez o pranto
Como um peoduto para o desabafo
De mágoas fundas ou passageiras,
Sabemos que, passageiras,
Assim se fazem todas as águas
Porque somente nós somos infinitos,
E transitórias são todas as mágoas.


Geraldo Generoso



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DESAPOIO



Caminhou
na própria vida
para se apoiar
no recomeço.

Em descompasso
engoliu felicidades
escorregou
numa estrada de sons

e não quis mais
ajustar o passo.


Leda Mendes Jorge



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CÁRCERE


E quando olhei profundo os olhos dela,
Bateu-me bem mais forte o coração
No olhar furtivo, escravo da emoção
De se espiar um segredo da janela. 

Entrei no espaço oculto de uma cela.
Paredes de uma aguda solidão
Guardavam cada sim e cada não
Que a boca, por fechada, não revela. 

E de repente um grito aconteceu
Vindo daquela que bem fixo olhava
O meu olhar, e a mim reconheceu.  

Descoberto, meu peito soluçava
Vendo no espelho a mulher que eu
Encarcerei, mas cujo olhar gritava. 


Regina Coeli



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