Poesias de Setembro de 2017

Fogo brando e abismos


Aconchego de lareira e farpas de desassossego.
Dessa maneira pressinto os dias de nuvens cinzentas,
horas um tanto lentas,
propícias ao vinho tinto, ao acalanto,
às escarpas dos precipícios.


Wanderlino Teixeira



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CONSAGRAÇÃO DE APOSENTO


SENHOR,

Que todo Ser que aqui chegar,
E cruzar o portal deste recinto,
Sinta a Vossa Presença, como eu sinto,
Da luz do Vosso Amor neste lugar.

Que aqui se faça pela Graça Tua,
A chama acesa de um amor em brasa,
Que desfaz qualquer treva, que das ruas
Possa rondar quem entre nesta casa.

Que aqui se acampem a cado momento
Os anjos das Tuas hostes celestiais,
Que se dissolva  todo o desalento,
Calem-se, pelo Amor, todos  os ais.


SENHOR,

Que aqui se pense e a cada instante
Proclamado seja o Teu santo nome
Com a fé vivida no amor constante
Que ao Teu calor a cada dor consome!

Que Tua essência inunde cada canto
Com o Vosso encanto neste lar pequeno;
Que nos recubra sempre o áureo  manto
Do amor imortal do Nazareno !

Que todo aquele que aqui vier,
De qualquer raça, homem ou mulher,
Sinta a Tua Presença a derramar
A bênção de poder que tens pra dar
A quem em Ti o coração puser.


Geraldo Generoso


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GOZO



Conciência
por vezes, me ganhas
por vezes, estás tão leve
que não te sinto
que não te escuto
ou
não quero te sentir
não quero te escutar
Será correta
a alegria
de ter gozado o momento?


Leda Mendes Jorge Aidar



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Insignificância


Um ponto negro na neve
ou um branco no imenso céu escuro
será esta a dimensão do meu ser
nesta vida que agora me ocupa?

A insignificância da minha presença
neste grande planeta azul
denota o quanto preciso ainda estudar
para aprender os caminhos a seguir.

Serão difíceis se permitirem
com desleixo e preguiça que me perseguem
procurar o fundamento existencial
da emergência da minha partida.

Creio na fé egoísta e sã
que sou o "ser" e tenho o "ser"
embora não perceba com clareza
para onde o levarei e de onde vim.


Ligi@Tomarchio


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LADRA, DE PASSAGEM!


Ladra! Só posso vê-la dessa maneira!...
Tomou meu coração sem me dar o seu,
Levou meu amor e não me devolveu...
Desmanchou os sonhos de uma vida inteira.

Com todo seu it, chegou de repente!...
Bem ao estilo dos que não buscam nada.
Mas em meu coração fez sua morada,
Num ludíbrio que me engolfou totalmente.

Ela sequer me notou, seguiu em frente.
Mesmo sem combate, perdi o duelo.
Tão logo eu a vi, construí meu castelo,
Julguei-me feliz precipitadamente.

Ladra! Mandou à lona meus devaneios...
Carregou para sempre minha alegria.
Sepultou todos os planos que eu fazia
E desfigurou, de rijo, meus anseios.

Passou lépida por mim, bem à vontade;
Não viu a paixão em meus olhos carentes.
Sem captar meus sentimentos, entrementes,
Roubou, sem saber, minha felicidade.


Ógui Lourenço Mauri


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SEM CALOR



O tempo está frio
Dentro em mim está frio
O vinho
entornou
Não me esquentou
não tornou
tudo prazeroso
Junto com o vinho derramado
entornou o amor
Derramaram
vinho, calor e amor
Tudo está frio.


Leda Mendes Jorge Aidar


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Primavera

Primavera, estação de lindos tons,
Rica de aromas, de beleza e sons!
Invades nosso lar, a cada dia,
Modulando canções, sendo poesia!
Acariciar-te, sonho, alegremente:
Ver-te sorrir, mãos dadas com a gente!
Eu desejo que sejas, quem me dera,
Rima de amor...de luzes...de quimera!
Aleluia! Aleluia! Primavera!



Delcy Canalles


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REDENÇÃO



Celebro o verso como uma oração
Para aquietar os meus sutis desejos,
Meus ternos sonhos, ávidos dos beijos
Que ousei sonhar em noite de verão. 

Depois o inverno foi uma estação
A silenciar a lira em seus arpejos,
Caiu no outono aquele rol de ensejos,
Morreu de fome uma infeliz paixão. 

Meu verso então sonhou a primavera,
Correu no espaço, foi além do mar
E sussurrou sua última quimera: 

" — Poesia e flores, meu sagrado altar!
Assim, ajoelho toda a minha espera
E no verso serei rosa a rezar”.


Regina Coeli



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