Poesias de Agosto de 2017

Poema dos olhos vagos


Nestes dias arredios,
quando os ventos sopram frios,
o mar se encapela,
as nuvens se fazem grossas,
nossas carências, olhos fitos nos vazios,
se debruçam na janela.


Wanderlino Teixeira


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A FRESTA


A fresta filtra
O sol que infiltra
A luz diária.
A fresta é fenda
Na porta antiga
Que nos desvenda
A casa amiga...

A fresta é a entrada
Da folha morta,
A fresta é a porta
Da própria porta.


Geraldo Generoso



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Reflexo


Embutido
nas entranhas
o envolver dos grãos
torna-se irresistível.

Argamassa
cristais
entulham o espelho
e o desespero domina.

Registra atento
angústias diárias
momentos dolorosos
rituais sangrentos.

Jorra horror
incólume
invólucro sem nácar
ausente
de pérolas errantes.

Torrente maligna
estigma
denota a rota
do colibri.

Esvoaçando desejos
o tornado destrói
os cacos
devolvidos ao ventre.


Ligi@Tomarchio®



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POESIA



Poesia
não fujas de mim
espere
Meus pensamentos estão cheio
de trivialidades
de obrigações
atrapalhando
o meu poético.
Não fujas, espere um pouco.


Leda Mendes J. Aidar


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A CARIDADE


Não existe caridade
Quando tu ajudas alguém
Pra exibir fraternidade
Do modo que não convém.

Não te desdobres jamais,
Nas ações de caridade,
Para, em gestos pontuais,
Te mostrar à sociedade.

Age de maneira tal
Que tua sinistra mão
Ignore a ação fraternal
Da destra para um irmão.

Não uses um ser carente
Para inflar tua vaidade.
É bom que tenhas em mente
O amor sem publicidade.

Os olhos do Pai Eterno,
E somente eles, então,
Devem ver o teu fraterno
Gesto rumo à salvação.


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva SP, 09/07/2017.


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Sons da Saudade 



Fico surda aos sons de fora,
Só ouço o de um violão
Que vem chorar seus acordes
Bem rente ao meu coração,
Trespassando o meu presente
Com cordas de solidão... 

Brotam meigas sensações
Que embotam os meus sentidos,
E eu me transformo em passado
Só com alma, sem ouvidos;
Explodo em muitas canções
E em suspiros já vertidos. 

Meu pensamento se agita,
Busca em cada melodia
O Amor em seu esplendor
Na serenata de um dia
Que dormia no passado
E de cá não mais se ouvia... 

O pensar tem suas asas
Que voam no relembrar,
Trazem junto o violino
E o seu choro só a chorar,
Chamando os sons do piano
Pras suas teclas teclar. 

Eu me perco nas lembranças
Que guardam tanto de mim.
Eu recordo tons e sons
Mudos, chegados ao fim,
E lágrimas me despertam
Pro momento de onde eu vim... 

Foi no som do violão
Que eu embarquei de verdade
Nas notas em mais ,
Mi, , sol, si, sem idade,
E mais uma que aqui está,
O lá... chorando saudade... 

Abro outra vez os sentidos,
Ouço um som bem mavioso:
É o sabiá-laranjeira
Pousado num galho, airoso,
Cantando hinos de amor
À vida e a um hoje mimoso! 

Se no passado me enrosco
E me enlevo docemente
Na canção, no tom, na nota,
Lá está a alma da gente
Em forma de partitura
Que o sabiá lê sabiamente.

 
Regina Coeli
Cartas de alforria



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