Poesias de Novembro de 2015

Poema das três idades


Já pensei encompridar o dia em mais algumas horas.
(Não me bastavam as convencionais!).
Queria muito mais
para poder equacionar verdades e agoras.
Até que a prudência, própria da idade,
aplacou-me a compulsividade.
Hoje, tenho medo de que o dia acabe encompridando-se demais...


Wanderlino Teixeira


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Entrar no céu sonhando

MOTE:

Sei que, deste mundo lindo,
vou sair, só não sei quando,
mas quero morrer dormindo
para entrar no céu sonhando.

(José Lucas de Barros)

GLOSA:

Sei que, deste mundo lindo,
o meu tempo está escasso,
mas continuo sorrindo...
Sou feliz, por onde passo.

Tenho sim, plena certeza,
vou sair, só não sei quando,
vou deixar esta beleza:
o mundo, que estou amando!

Dias e noites, vão indo,
e a morte ronda por perto...
Mas quero morrer dormindo,
morrerei feliz, por certo!

Vou dormir, tal qual criança,
mil sonhos acalentando,
não perderei a esperança...
Para entrar no céu sonhando.

(Gislane Canales)

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SONHO DE ADOLESCENTE


No meu sonho febril de adolescente,
havia um príncipe a esperar por mim.
Era um sonho tão puro!... era inocente
como aquele da história de Aladim.

Mas o tempo passou e, de repente,
no meu caminho apareceu, por fim,
um anjo disfarçado, simplesmente,
na figura de um jovem no jardim.

Mudou-se a face do destino... E agora,
aquele sonho que sonhei outrora
transformou-se em total realidade

Minh' alma inteira vive apaixonada
e sou feliz por me sentir amada!
Enfim, eu te encontrei, felicidade.


Neide Barros Rêgo


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ÉBANO LUNAR


Ébano lunar
cadente estrela, cadência
ausência de tons, sons,
cristalizando sonhos
tristonhos lampêjos
poço, fundo, raso,
escasso, insensato
meu carrasco
minha prisão
reprimida frustração.

Cometas, asteróides
vídeo game cego
surdo criado, mudo
maldição, partida
sem volta, revolta
revolvendo mares
moluscos, algas
coloridos peixes, corais.

Coberta estou. Incrustada
de pontiagudas, severas
dilascerantes idéias.
Corpo inerte.
Caos.


Ligi@Tomarchio®



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Pregão


Quem troca
um dente siso
por uma boca 
inteira de riso?


Lena Jesus Ponte
(em "O Corpo da Poesia")


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PASSEIO


Passeia em mim a ânsia de te ver
Sentindo o teu sentir perdido em mim
Vertendo doce essência de jasmim
Querendo-me bem mais que um bem-querer.

Beijos passeando à luz do alvorecer
Criando bordadas chances só de sim
Num hoje que segreda por que vim
Te dar além do que querias ter.

Nas sombras a passear felizes risos,
No tilintar dos sinos e dos guizos
Te enchi de amor de plena perdição.

E agora que me sabes da paixão
Zombas deste meu pobre coração
Ao passear em tua boca os meus sorrisos.


Regina Coeli



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ALMA SOLITÁRIA


Alma, espírito encarnado
Sob divina concepção,
A nosso corpo ajustado
Em busca de evolução.

Não há alma solitária,
Eis uma tese perfeita!
Espírito e indumentária
Jamais ficam sem espreita.

Na falta de companhia,
O pensamento se ativa,
Arrebanhando energia
Boa e, não raro, nociva.

Depende do pensamento
Tudo que nos acompanha.
O ruim só dá alento
A pravos e sua sanha.

Os bons, por vários ensejos,
Só nos impelem pro bem,
Na atração dos benfazejos
Irmãos ativos do Além.


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 24/11/2015


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Meu Sertão


As flores amarelas
que o cerrado enfeitam
são belas e naturais aquarelas
que meus curiosos olhos deleitam.

Quando vi o pequi florido
não consegui conter o espanto,
além dos seus frutos e lindo colorido
sua madeira para trabalhar é um encanto.

Com ela criam lindo artesanato,
além de móveis, prédios e barcos,
o artesão goiano possui um talento nato
para criar obras lindas com recursos parcos.

Observei um matuto e seu machado
enquanto toras de pequi com calma lavrava,
"será um carro de boi", disse-me ainda agachado,
enquanto com uma das mãos o suor do rosto livrava.

Voltei para casa realmente admirado
com a arte e força do povo do nosso sertão,
sempre retorno dos nossos campos feliz e inspirado,
pronto para registrar tudo o que existe além do meu portão.


Lupércio Mundim



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Criado em 1º de Dezembro de 2009