Poesias de Outubro de 2015

Chegança


Quantas vezes eu parti,
quantas fui,
quantas andei,
nessa ânsia de chegar!

Quantas outras me feri,
me arranhei,
me machuquei,
nessa ânsia de chegar!

Quantas foram
em que teimei continuar?

Pois nas partidas,
no projeto dessas idas,
no trajeto da andança,
no compasso dessa dança,
teimar teimava
nessa ânsia de chegar.

Mas nessa teima
de teimosa teimosia,
chegar nunca chegava,
... só partia.


Wanderlino Teixeira


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ORAÇÃO AO DESPERTAR


Abrindo os olhos, Senhor,
para um dia a mais viver,
vejo a Luz de Vosso amor
abençoando meu ser.

Ponho-me assim na frequência
das Graças que do Alto vêm,
pronto a exercer a clemência,
buscando fazer o bem.

Que a fé me tire o desânimo,
o rancor, a impaciência;
deixe o coração magnânimo,
facho de amor por essência.

Pai, que durante este dia
eu tenha a oportunidade
de sustentar a harmonia
e de fazer caridade.

Nesta jornada, que eu veja
a todos como um irmão,
numa atração benfazeja
a promover compreensão.


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva (SP), 28/07/2014


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Experiência


Quando fechamos os olhos
abrimos uma janela para a alma,
é como se liberássemos os ferrolhos
da consciência para vivenciar a calma.

Cerrei os olhos lentamente
ouvindo música de meditação,
esvaziei por completo minha mente
concentrando-me em minha respiração.

Meus problemas desapareceram
assim como culpas e preocupações,
todos os meus defeitos adormeceram
ficando apenas as agradáveis sensações.

Senti afinal meu eu verdadeiro,
despido do que é egoísta e artificial,
agradeci a Deus em pensar derradeiro
antes de voltar ao chamado mundo oficial.


Lupércio Mundim
Goiânia, 16/09/2015 - 23:30


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TODAS AS CORES


O meu olhar me prometeu um céu
Garboso e lindo com milhões de cores
Nas pipas vivas exalando olores
Em sonhos desvairados de papel.

Correu pro mar o meu olhar ao léu,
Buscou um barco que eu enchi de flores
Na minha infância, hoje navega dores
De uma inocência que perdeu o mel.

Ao colorir-me de sutil quimera,
De cor eu pinto a cicatriz de um ai
De despedida em certa primavera:

Saudosa lágrima no rosto cai.
Sorrio azul. Sei que ao final da espera
Verei os azuis olhos de meu pai.


Regina Coeli


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CONVOCAÇÃO


Levemos a poesia a toda parte.
Tenham vida, em nossa garganta,
as palavras sepultadas no papel.

Livres de preconceito,
levemos a poesia a todos os lugares:
salões, praças, teatros e bares.

Toda gente necessita de arte.
Versos de amor,
canções de paz, orações...
Sonho, emoção, alegria
– mensagens aos corações.

Sejamos capazes
de despertar nos homens,
ricos e pobres,
de várias crenças e raças:
esperança, consciência, reflexão.

Levemos a poesia a toda parte.
É esta a nossa Missão.


Neide Barros Rêgo


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Triângulo
 


Era uma vez três irmãs: 
a mais velha era o fogo, 
a do meio era a terra,
a mais nova era a água.

Era uma vez três marias:
a mais velha ardia,
a do meio era o esteio,
a mais nova fluía.

Era uma vez três mulheres: 
a mais velha vivia,
a do meio plantava,
a mais nova sonhava.  


Lena Jesus Ponte

(em "O Corpo da Poesia")



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Se eu morresse amanhã...


Se eu morresse amanhã,
Não seria como um girassol
Que ficou de costas para o sol,
Pois, aproveitei a luz do dia
Para curtir as coisas boas da vida!

Se eu morresse amanhã,
Não seria uma flor murcha
Por falta d'água para saciar a sede,
Pois, do corpo cuidei com afinco
Para que abrigasse um formoso espírito!

Se eu morresse amanhã,
Não ficaria cabisbaixa
Carregando remorsos por omissão,
Pois, nenhum momento deixei passar
Onde minha ação se fizesse necessária!

Se eu morresse amanhã,
Não levaria as decepções
Causadas pelos poucos "não amigos",
Pois, os verdadeiros foram maioria,
E me trouxeram muitas alegrias!

Se eu morresse amanhã,
Levaria comigo toda a ventura,
De ter sido amada e respeitada
Como profissional competente,
Como ser humano atuante na sociedade!

Se eu morresse amanhã,
Seria com imensa dor e tristeza,
De ter que deixar para trás
Os entes queridos que fizeram
Com que me realizasse como "Mãe"e "Mulher"!


Marilena Basso


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Encanto



A serenata acabou!
O alvorecer no céu
Despontava...
Invadiu-me um suave
Estremecer...
Sua pele em mim
De leve, roçava...
Por favor, não foge,
Não forje...
Encontro fugaz.
Passado distante.
Esquecido?
Jamais!
Então,
Alimento
O pensamento
Com sonhos
De serenatas
Errantes,
Inexatas!


Maria Granzoto



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ACORDE


Veja o estandarte manchado
bradando, cheio de medo,
por muitos ser proclamado
sem História, sem enredo.

Veja o verde degradado
pelas serras do feitor,
pelo fogo declarado
consequência do calor.

Amarelo foi roubado!
Mas há muito ainda escondido
debaixo do chão rachado,
pela cobiça traído.

Nosso anil entristecido
até deixou de brilhar
e um cinzento carcomido
ocupou o seu lugar.

O branco da nossa paz
se esconde na insensatez
do rubro de um incapaz
tão longe da lucidez.

Nossas cores algemadas
tentam ganhar o fulgor
forçando as barras pesadas
nas celas do desamor.

Ao longe soam clarins
acordam anjos do bem
arcanjos e serafins...
Acorde você também!


Cleide Canton

São Carlos,SP,Br, 21/10/2015-1:40horas


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IMITAÇÃO DA ROSA



Camélia
imitação da rosa
nunca vã apenas
flor branca paz.

Cotidiano indomável
só um gesto
aquele inesperado
acende a luz
conduz ao sonho.

Simples camélia branca
iniciando um novo tempo.

Não mais imita a rosa
não é sua natureza.

Ela apenas é.


Ligi@Tomarchio®



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