Poesias de Março de 2015

UM VAZIO...


Um vazio põe além do horizonte
Um querer que à distância se lança,
Pois a ânsia que o barco desponte
Jacta o falso sabor da esperança.

Eu bem sei, não mudou a janela,
Mas o barco de longe não vem.
A saudade é bem mais do que "aquela"
E a vontade do beijo também!

É verdade que após as tormentas
O mar calmo se faz tão presente,
Como é certo que as nuvens cinzentas
Põem o Sol a brilhar novamente.

Por aqui, vejo a chuva caindo;
Logo mais, chega a luz desde o leste,
A mostrar todo o azul do céu lindo,
Um desenho de Deus, inconteste!

Pensamento vai longe, de vez!
Traz, enfim, esse barco; reitero!
Penso até que meu porto, talvez,
Não comporte o navio que eu espero.


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva (SP), 01/02/2015.


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Bicho-da-seda


Às vezes postulo
trocar a solidez do teto
pela liberdade do relento.
Traço planos para meu intento,
mas não vou avante.
Não alço voo nem armo pulo.
Permaneço quieto,
no bojo aconchegante do casulo.


Wanderlino Teixeira


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DOR AO CONTRÁRIO…

MOTE:

Saudade é dor ao contrário:
mesmo doendo, faz bem...
É como um mal necessário:
pior se a gente não tem!!!

Milton Souza

GLOSA:

Saudade é dor ao contrário
e gostosa de sentir,
se instala, sem comentário,
vai colorindo o porvir!

Saudade é sempre saudade!
Mesmo doendo, faz bem...
em toda e qualquer idade,
de aquele que vai ou vem!        

Chega sempre sem horário,
faz pulsar o coração,
é como um mal necessário,
carregado de emoção!

O mal que a saudade faz,
vira alegria também,                        
e a tristeza, então, desfaz!
Pior se a gente não tem!!!

Gislaine Canalles



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ROSA VERMELHA


A tua partida encheu meu triste peito
De noites em completa solidão
Sem ver a lua, só a escuridão
A iluminar-me a dor de um escuro jeito. 

Sem ti o dia fez-se contrafeito,
Nem mesmo distingui o sim do não
Nas trevas a ungir meu coração,
Que nem sabia mais bater direito.

Lado a lado, tal qual uma parelha,
Viajamos na beleza fascinante
Que ao Amor, o mais puro, se assemelha.

Em teu lugar, tão linda e apaixonante,
Conforta-me uma rosa bem vermelha
De quem eu sou a mais fiel amante.


Regina Coeli


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Além dos meus muros


As heras que revestem os meus muros
para não parecerem prisionais,
rebordam de dourados meus escuros
sedentos de fazerem-se imortais.

Jardins estão além dessas barreiras
com flores que se mostram para o sol,
do início destas ruas às fronteiras,
no rumo em que se avista o meu farol.

Além, bem mais além eu não diviso
limites que aparecem, de improviso,
sorrindo dos meus medos ancestrais,

Além, bem mais além destes meus muros
escondem-se os anseios prematuros
no aguardo dos encaixes temporais.


Cleide Canton

São Carlos, 08/03/2015



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RELÓGIO


As horas batem
os minutos espancam
e o reflexo que ora vejo
estampado no tempo
relembra uma juventude
calcada nos extremos
cunhada em fogo e ferro
insanidade premente.

Nas pregas e vãos do pensamento
esquecidos lamentos
manchas senis do tempo
temperam a canja morna
o chá amargo da vida
esquecida sob o leito
onde escondidos estão todos os tempos.

Máquinas, fios, oxigênio
pontiagudas palavras tremulam
teimam em sair da boca úmida
já cansada de muito engolir.

Horas, minutos e segundos infinitos
estilhaços atemporais sem cor
só a dor encarnada responde aos olhos
redondos e secos botões
murchando a vida aos poucos
término de mais uma faceta
do poeta em vôo pleno e certo
pinçado em meio a tantos galhos.

Na escuridão do medo
ainda procura a luz naquela cortina
mina o sangue das paredes verdes
biologia do amor perverso
no gritar das horas mortas.


Ligi@Tomarchio®


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UM LUGAR ESPECIAL


As águas calmas da baía de Gênova
guardam um tesouro único: Portofino,
quem visita a sua marina a alma renova,
passeio ideal para alguém rico e granfino.

Mas Deus foi justo, deu olhos aos pobres
para que também vissem toda esta beleza,
andei por suas vielas com lojas para nobres,
nada comprei, mas senti na alma épica leveza.

A Piazza Martiri Dell’Olivetta é um encanto,
muitas flores e mesas de bares e restaurantes,
com a igreja de San Martino enfeitando seu canto,
é um conjunto de atrações sublimes e deslumbrantes.

Ao sair da cidade fiquei observando o castelo
que oferece ao turista uma vista de enlouquecer,
olho pela janela enquanto na poltrona me refestelo,
o ônibus se afasta da cidade que jamais vou esquecer.


Lupércio Mundim
Goiânia, 06/Março/2015


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Tear


O tempo é bicho-da-seda.
Fia o fio, faz tecido.
O tempo corta e costura
o vestido fino da vida.


Lena Jesus Ponte
(em "O Corpo da Poesia")


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Quem dera!



Ah! Poeta!
Quem dera fosse eu a tua amada.
Quem dera fosse eu
a mulher dos sonhos teus.
A tua eterna namorada.

Acolher-te-ia nos meus braços.
e, num terno abraço,
envolver-te-ia com candura,
entregando-me de corpo e alma,
na mais doce ternura.

Doar-te-ia meu amor
e te amaria na mais ardente e intensa paixão,
plena e infinitamente,
com toda emoção.

Ah! Poeta amado meu!
Quem dera fosse eu
a musa dos versos teus.


Marilda Conceição



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MAGIA


Poeta, sonho:
ao som de violinos
tangidos por anjos alados,
casaremos na Torre Eiffel.

Poeta, invento:
no dorso de um pássaro,
voaremos pela cidade,
entre as folhagens,
rumo ao céu.

Poeta, crio:
um sol de agosto,
amarelo, imenso,
na mágica e luminosa Paris.
Chagall me a(s)cende!


Neide Barros Rêgo

(para a poetisa Lena Jesus Ponte)


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Ausência


Seca em meus olhos o pranto, que o sereno chora.
Em tranqüilas noites, como um largo rio...
Adentra minh’alma, que por imaginar-te cora
Depois só, mergulha num mar escuro e frio.

Em meus lábios, há um sorriso triste de estio...
Em minhas mãos o inverno se faz sombrio.
A saudade então, acende estrelas doudejantes,
Viajantes de estações ora distantes.

Tua ausência é o canto d’uma sereia,
Sinfonia que a onda traz e espraia...
Ávida bebe a areia.

A lua brincando se faz cheia, talvez minguante meia...
E ao olhá-la, meu coração tonteia,
Quando a dor da tua ausência permeia.


Sandra M. Julio



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