TEMPO DE CRIANÇA
Corre, pula, grita, brinca,
sente o vento, solta a pipa,
rola na grama, piá!
Apanha a vara e o anzol,
aproveita a tua infância;
pega a bola, bem ligeiro,
vai jogar teu futebol.
Curte o tempo de criança,
que os anos verdes, menino,
são cometas que se vão.
Amanhã tu vais crescer
e desses dias, guri,
só lembranças restarão.
Aproveita, mas estuda.
Prepara-te para a luta
que, em toda competição,
sempre vence o que é melhor.
Ouve um segredo, baixinho:
Brilha em teu peito uma luz
que se apaga ou brilha mais,
conforme as tuas ações.
Tu és a nossa esperança.
Protege a mãe-natureza.
Respeita os mestres, a escola...
Ama a Pátria, ama teus pais.
Corre, pula, grita, brinca,
porque o tempo de criança
não voltará, nunca mais!
Neide Barros Rêgo
para Marcelo Barros Rêgo, meu filho (1975).
ANÚNCIO CLASSIFICADO
Busca-se uma cadeira de balanço
própria para curtir antigas dores.
Exige-se apenas assento de palhinha
e rangidos constantes de amores dissonantes.
Dá-se em troca uma TV em cores
Wanderlino Teixeira
PRINCESA POR QUATRO DIAS
MOTE:
“No carnaval foi princesa,
destaque na “passarela”...
agora ela é só pobreza,
na pobreza da favela.”
João Freire Filho
GLOSA:
No carnaval foi princesa
e feliz com seu reinado,
reinou como grande alteza,
esquecendo seu passado.
Foi, nesses dias de glória,
destaque na “passarela”...
foram dias de vitória
para a nova Cinderela.
Quarta-feira – tal nobreza
toda em cinzas se tornou,
agora ela é só pobreza,
pois o sonho terminou.
Mas ficou bela lembrança
de um sonho bom, dentro dela
revivendo uma esperança
na pobreza da favela.
Gislaine Canalles
CARNAVAL
Visto a fantasia,
Que parece feia
Mas não é real.
Vou para a folia
Buscar um remédio
Para o tédio meu.
Vou fazer sucesso
No rodar do passo
Em cada estribilho.
Vestir-me de gente,
Pra ficar radiante
E cheio de barulho.
Visto um chapéu
De palhaço, azul,
Pra pular sozinho:
Não fui ao ensaio,
Sou mais um no meio,
Só...neste rebanho.
Vou viver um sonho.
Na garganta, ponho
Uma marcha escrita.
Depois eu me benzo,
Faz-me puro a cinza
E a rotina reato.
Então continua
A outra folia
Do pós-carnaval!
Que vira marasmo
E se faz quaresma,
Volto ao meu normal.
Geraldo Generoso
OLHOS INFANTIS
Pobre infância esquecida num canto,
Dos mais pobres da rica cidade!
Esse quadro nos revela o quanto
Fica ausente a fugaz "Sociedade".
Desde os tempos de Mestre Jesus,
Irmão deve ajudar, sim, os seus!
E essa prática é archote de luz,
Rumo ao Alto, a caminho de Deus.
Ah, guri de aflitiva mirada,
Um retrato fiel da miséria!
Tens os olhos tão tristes, mais nada...
"Sociedade" não é coisa séria!
Eu te peço perdão, meu pequeno!
Em teus olhos, só hoje me ative.
Eu passava sem ver teu aceno
Com a cara de fome, inclusive.
Desse par d'olhos tão infantis,
Eu agora serei protetor.
Sou cristão, quero dar ao petiz
Uma dose de nítido amor.
Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 20/01/2015
Amor de Carnaval
Na matinê de carnaval
fui fantasiado de pirata,
caolho naquele vendaval
de pura alegria democrata.
Armei-me de coragem
e pro salão levei a menina,
tão linda que parecia miragem
surgindo em sua forma feminina.
Então tudo desapareceu
menos o seu doce sorriso,
nosso amor logo amadureceu
entre beijos que em sonhos repriso.
A tarde passou depressa
e no poente nos despedimos,
partimos tristonhos, sem pressa
e, que pena, nunca mais nos vimos.
Lupércio Mundim
(07/02/2015)
Ó Vida...
Tristonha e cega, muita vez não vi
O teu amanhecer em rosas lindas,
Vindo beijar preocupações infindas
A aprisionar os risos que não ri.
Nem mesmo a lua branca enalteci,
Surgindo cheia em meio a nuvens vindas
Da imensidão que abraça imagens findas
E delas faz nascer o bem-te-vi...
O meu olhar venceu cada fronteira
Turva de prantos; e hoje, nesse mar,
Feliz navego pra te ver inteira.
Minh’alma, mansamente a soluçar,
Rega tuas flores, Mãe e Companheira,
Doce cenário a todo o meu sonhar.
Regina Coeli