Poesias de Agosto de 2014

UM REFÚGIO POR OPÇÃO

MOTE:

Pai, eu te peço perdão
por não ser o que querias!
Eu vivo na contramão,
num refúgio... de poesias!


José Feldman (Maringá/PR)

GLOSA:

Pai, eu te peço perdão
por ter frustrado teu sonho.
Assim, não queria, não;
é disso que me envergonho!

Lamento muito, meu velho,
por não ser o que querias!
Na leitura do Evangelho,
eu tento acalmar meus dias.

Desde cedo, fiz a opção,
eu nasci pra ser poeta.
Eu vivo na contramão
de tua paternal meta.

Não me ajeito a obrigações,
só faço o que repudias.
Vivo minhas emoções
num refúgio... de poesias!

Ógui Lourenço Mauri

Catanduva (SP), 23/07/2014.





AÇUCAREIRO


Há muito tempo
eu o procurava
para o meu açúcar especial.
Tinha que ser pequenino.

Encontrei-o, num domingo,
em um bazar de antiguidades
e logo me apaixonei.

Porcelana branca,
fios finos e dourados,
duas fitas carmesim.
Asas frágeis, elegantes
e tampinha delicada.

Todas as manhãs,
sua beleza me encanta!
Tudo é singeleza, cuidado,
quando adoço o meu café.

Eu nem quero imaginar
que possa quebrar-se um dia.
Meu apego a ele é tanto
que, se isso acontecesse,
eu não me conformaria.


Neide Barros Rêgo

Para a poetisa Liane Arêas (1999)





DESPEDIDA


O mais duro de todos os momentos,
que magoam com força  o coração,    
é quando o pranto escorre com emoção,
cheio de dor, cheio de desalentos!

A despedida é mais que uma agressão,
que chega destruindo os sentimentos,
é  tempestade de bem fortes ventos,
como se fosse o adeus... uma explosão!

Roubando, assim, toda a felicidade,
sinto no peito, essa cruel verdade:
As despedidas são violações!

Dizer adeus é algo que angustia,
como um mar negro, pleno de agonia,
onde se afogam tantas emoções!


Gislaine Canales





BRUGES


Chamada de Veneza do Norte
por seus vários cursos navegáveis,
Bruges mantém seu medieval porte
presente em suas ruas tão agradáveis.

Navegar entre os cisnes nos canais
é uma experiência bonita e pacífica,
momentos inesquecíveis, nada banais,
que fazem a pessoa sentir-se magnífica.

A antiga cidade nos oferece ainda,
além das ruas e locais inesquecíveis,
bares centenários nos quais se brinda
com suas cervejas artesanais incríveis.

Mas é à noite que o show acontece,
quando cada canto fica todo iluminado,
a cidade até ganha vida quando anoitece
e cada turista sente-se feliz e apaixonado.


Lupércio Mundim
(Dedicada à linda cidade medieval de Bruges, na Bélgica)





BRUGES
(terna lembrança trazida pelo belo poema do amigo e poeta Lupércio Mundim,
a quem abraço agradecida e carinhosamente)


Foi nela que passei meus tenros dias,
A minha infância que esqueci jamais
E a mocidade que não tenho mais, 
Perdida sob o pó das fantasias.

Foi lá, por sobre as sombras arredias,
Que eu vi primeiro a lua em madrigais
De amor ao sol e ao mar, mas incapaz
De só a um deles dar-se em poesias.

A minha Bruges, não uma cidade,
Mas minha rua, a rua em que eu cresci
E hoje percorro em ondas de saudade...

Era bem pobre a rua onde vivi,
Mas lá cantava a tal felicidade
Com voz de sabiá e bem-te-vi...


Regina Coeli
(dedicado à rua onde eu cresci em Vila Valqueire, Rio de Janeiro/RJ)





Amendoeira


Vejo a quieta amendoeira e a invejo.
Agita-se apenas quando a aragem vira vento
e faz farfalhar a folhagem.
Em qualquer outro momento,
cumpre a missão de maneira plena:
observa, serena, a insana sofreguidão humana.
Coisa mais sem graça, diz
quem passa sob a sombra dela.
Mas ela nem dá trela para quem não tem raiz.


Wanderlino Teixeira






Navegante


Pousa a mão sobre minha cabeça
e consola esta criança aflita.

Repousa tua mão sobre minha cabeça
e vai navegando até o mais extremo fio...
Calmaria.

Espalma tua mão sobre o meu ventre
e escuta quanto de possíveis filhos.
Eles te aguardam.
Úmidos.
Expectantes.
Em silêncio.

Resvala teu ser sobre este corpo de mulher
doída,
doida...
E penetra, com cuidado, no mistério.


Lena Jesus Ponte
(do livro Revelação, 1983)



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