Poesias de Maio de 2014

  FACA DE PONTA


Quando o Tempo fecha o cerco e o viço esvoaça,
o ontem recrudesce em rebuliço,
tece a trama de uma teia,
brota feito grama quando passa a chuva fina,
é cacho de uva em momento de colheita,
água de mina assim constante.
Não fica na espreita,
não dispensa um só instante.
O ontem, quando o Tempo aperta o laço,
quando espalha tintas no dorso das telas,
é lâmina de aço,
estilete espetado entre as costelas.


Wanderlino Teixeira





Marília


Marília tinha dois homens,
dois pedaços de Marília.
A um a mulher amava;
ao outro a mulher queria.

Se em calma se desfazia,
junto de Paulo ficava;
se em ânsia se transtornava,
para Pedro ela corria.

Pedro o corpo lhe entregava;
Paulo a alma lhe ofertava.
Um mergulhava no mar;
um se abrigava na ilha.

Pra um Marília era boa;
ao outro mostrava o mal.
Pedro era seu animal;
Paulo era sua pessoa.

Não havia questão de escolha:
tirava cara e coroa.
Bebia da paz da água;
queria brincar com o fogo.

Marília tinha dois homens,
dois pedaços de Marília.
Com um estava de noite;
com outro estava de dia.


Lena Jesus Ponte




Bruges


Chamada de Veneza do Norte
por seus vários cursos navegáveis,
Bruges mantém seu medieval porte
presente em suas ruas tão agradáveis.

Navegar entre os cisnes nos canais
é uma experiência bonita e pacífica,
momentos inesquecíveis, nada banais,
que fazem a pessoa sentir-se magnífica.

A antiga cidade nos oferece ainda,
além de ruas e locais inesquecíveis,
bares centenários nos quais se brinda
com suas cervejas artesanais incríveis.

Mas é à noite que o show acontece,
quando cada canto fica todo iluminado,
a cidade até ganha vida quando anoitece
e cada turista sente-se feliz e apaixonado.


Lupércio Mundim





CAMINHOS DO MEU TEMPO


Se quero percorrer sábias estradas
E dar aos meus minutos rico fim,
O que eu puder andar dentro de mim
Eu andarei... Por trilhas e quebradas.

Caso eu cruze com rosas maltratadas
E encontre sem olor cada jasmim,
Hei de buscar saber por que é que vim
Pousar meus pés em rotas desbotadas...

Após a tempestade vêm as cores
Cintilando no arco-íris da ilusão
E no doce perfume de mil flores.

Que das copiosas chuvas de verão
Revelem-se das matas os verdores
E os meus becos em luzes se abrirão.


Regina Coeli





MINHA MÃE, UM REENCONTRO!


A ti não vim por concepção natural,
Somos mãe e filho por meios divinos.
Não houve entre nós cordão umbilical,
Força dos Céus acoplou nossos destinos.

Eu sou grato àquela que não conheci,
Mas é bom que saibas, minha mãe querida:
Um ser me deu à luz, e tu minha vida;
Todo meu coração, reservo pra ti.

O sangue a correr nas veias de meus filhos
Não é o mesmo que em teu corpo circula.
Mas essa verdade não traz empecilhos
Ao elo de amor forte que nos vincula.

Mãe é aquela que cria com carinho,
Mãe é quem protege do berço ao altar.
Tu sempre me mostraste o melhor caminho;
Firme, pra desta senda eu não me afastar.

Sinto-me realizado, mãe, quando alguém
Fala que me comporto à tua feição.
Preso a minha Fé, no entanto, vou além:
Nós nos reencontramos nesta Encarnação.


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 01/05/2014



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