Poesias de Novembro de 2013

...E meu coração, como fica?


Eu te vejo em meus sonhos diuturnamente.
Esta distância só nos traz embaraços.
Quero ser o último a soltar os braços
Em nosso primeiro abraço frente a frente.

Coloca-te, minha amada, em meu lugar.
Sente, aos poucos, como a solidão abala.
Vê que tem coisas que o coração só fala
Necessariamente a quem sabe escutar.

Ah!... Quando eu olho para dentro de mim,
Enxergo-te alojada em meu coração.
Ele só diz pra mim -- pra ti, fala em vão --,
Que não dá mais para vivermos assim.

...E meu coração, como fica?... Não sei!
Como ele sofre ao te plasmar à distância!
Temos que reverter essa circunstância,
Juntar teus sonhos aos que sempre sonhei.

Tanto sofrimento não se justifica,
Meus olhos são tristes distantes de ti.
Qualquer dia destes, porém, chego aí...
Diz-me, então! ...E meu coração como fica?


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 12 de junho de 2010





Poema da Cafeteria (III)


Na manhã chuvosa, arrastada,
saboreio pão de queijo,
sorvo goles de café pingado,
estico um olhar enviesado
para quem passa na calçada.
Parecem-me distantes,
quem sabe a ruminar o antes,
a imaginar doravantes.
Até que o sol ressurja em nova aurora
e resgate o sonho de viver o agora,
melhor é pôr de lado meu olhar enviesado,
retornar ao pão de queijo e ao café pingado.


Wanderlino Teixeira





DO QUE GOSTO


Eu gosto do céu que se veste de cores,
das aves cantantes voando libertas,
do verde das matas mesclado de flores,
do vento que dança nas valas abertas.

Não gosto das guerras cobertas de horrores,
da espada que fere, das balas incertas,
das tramas urdidas que dobram valores
aos pés dos cruzantes de rotas desertas.

Mas gosto do abraço em total sintonia,
do riso que paira e jamais perde a graça,
da dança da vida que move a alegria.

Eu gosto de ver toda a banda que passa,
que brinca de ser provocando euforia
e afasta do olhar essa negra fumaça.


Cleide Canton
São Carlos, 17/11/2013 - 15:30 horas





A GUERRA EM FLOR



Usar pincéis para pintar a tela 
Ou dar às mãos o modelar do barro 
É cor do sentimento em aquarela 
Ou o sentir amalgamado em jarro. 

A arte expressa. Vem dizer naquela 
Ou nesta forma o lindo ou o que é bizarro 
Numa explosão do Ser que vem e revela 
Quão belo pode ser um beijo ou um escarro. 

A Cisjordânia fez nascer a flor  
Nas cápsulas de gás, horror e fel
Jogadas pelo Estado de Israel. 

Por sobre escombros, abençoa o Céu   
A Arte de tornar sublime a dor, 
Pra que não morra ao peito a flor do Amor. 


Regina Coeli





O SONHO ACABOU


O relógio tocou.
E eu, que estava desprevenida,
não consegui acordar para o dia.

Continuo a cuidar das crianças
como quem dorme e anda.
Um aceno de mão para o meu amor,
que embarco num navio
e vai sumir onde curva o vento.
Meu amor vai cair
do lado de lá do planeta!

Sou turista do dia.
A noite é minha terra
com sua língua estrangeira para os outros.
A trança do meu sonho
tecia com cuidado
pra não perder o fio da meada.
Amealho no tapete restos de linha
do que já foi agasalho.


Lena Jesus Ponte




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