Poesias de Junho de 2013

DESDÉM


Disseste adeus
àquele amargor incoveniente
que tentava embaralhar tua visão,
àquela taça de vinho
que degustavas sem prazer algum,
àquele resto de sonho impossível,
àquele medo de violar
o que julgavas sagrado.

Disseste adeus
às noites que escondiam do luar
o teu eterno desejo de amar,
à tantas tardes que esperaste
um regressar...

Disseste adeus
ao teto embolorado pela negligência
que te abrigou sem calor,
ao chão por onde andaste aos tropeços,
ao velho divã, testemunha dos teus ais.

Disseste adeus ao passado
que registrou a tua história
de tão pouco sorrisos,
tantas desilusões, tantos senões!

Despida do medo das amarras,
abraçaste o teu horizonte
com garra felina.
Nada deixate! Nada levaste!

O poente te acolheu,
desencantou o feitiço,
aparou as tuas arestas,
lustrou o teu brilho
e te fez a bela das tardes.

E sempre haverá alguém
tentando entender
esse teu raro olhar de desdém.


Cleide Canton





ILUSÃO DE AMOR


Eu solfejei uma ilusão de amor
Tão minha, e só a mim interessou...
E tão fugaz, que o coração chorou
O sol morto... antes mesmo de se pôr.

Eu solfejei uma ilusão de amor
Etérea como a flor que despencou
Do galho, sem perfume, e evaporou
O roçar do seu viúvo beija-flor.

Vem de longe o solfejo amanhecido
Num tom funesto que minh’alma intui
De um jamais ser, pois nunca houvera sido...

Se é só ilusão o que nas veias flui
Não o será neste epitáfio lido:
Eu só cheguei a ser o que não fui!


Regina Coeli





NÃO TIRE O VERDE DO "PULMÃO DO MUNDO"!


Alienígena, deixe a nossa Amazônia!
Cuide, em sua terra, dos crimes ambientais
Praticados por seus vesgos ancestrais,
Artífices da poluição, da acrimônia.
Não nos subestime por erros alheios,
De larápios de fora já estamos cheios...
Nós somos um país, não uma colônia.

O "Primeiro Mundo" foi o vanguardeiro
Nesta decomposição do ecossistema
E agora pensa resolver o problema
Com o "Inferno Verde" e seu verde-celeiro.
Gringo voraz, procure outra solução!...
Sem essa de internacionalização
De parte do território brasileiro!

O Planeta quer um estudo profundo,
Impondo obrigações às "Grandes Potências",
Que precisam arcar com as consequências
E reverter de vez este ambiente imundo.
Que se salve a vida na face da Terra
Sem atritos ideológicos, sem guerra...
Sem tirar o verde do "Pulmão do Mundo".


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 05/04/2007





A VIAGEM DA VIDA


Vivemos o sonho da mulher-maravilha:
aprisionar os males do mundo
e viver os sonhos dourados
numa paradisíaca ilha
e, como ponto final,
bordar a vitória em fios de cetim
e afugentar a mortalha
que à vida coloca um fim
e perceber que de nada adiantam
tristezas, lamúria, revolta
pois a vida, no fim das contas,
é uma viagem sem volta.


M. Esther Torinho




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