O BÊBADO E A ROSA
Quando sua mão trêmula estendeu
para ofertar-me uma rosa colorida,
em Barbacena, um bêbado me deu
a maior emoção da minha vida.
Seu olhar suplicava um gesto meu,
talvez uma moeda, uma comida.
Alguém comigo estava e percebeu
minha expressão alegre e comovida.
Então, abri o meu melhor sorriso;
agradeci-lhe e perguntei por que
me dava aquela flor maravilhosa.
Vi que o ébrio perdera o seu juízo
quando falou: “Eu gosto de você.
Um anjo me mandou dar-lhe esta rosa.”
Neide Barros Rêgo
para Zilda Moreira de Castro, de Barbacena, Minas Gerais - 1998.
OUTONO DE CAÍDAS FOLHAS
“Chegou o outono!”, gritam vozes tantas
A celebrar as folhas pelo chão
Em choro amarelado de emoção
Num fecho a um ciclo de memórias... Quantas...
Tão desnudadas ficam assim as plantas...
Da têmpera do inverno e do verão,
Almejam a bênção flórea da estação
Que é a primavera em flores todas santas,
Para, no outono, irem ficando nuas,
Num tépido namoro com o sol
E em noites temperadas com mil luas.
Crepúsculo de folhas em arrebol,
O outono vai caindo em minhas ruas
Olhando o chão qual velho girassol.
Regina Coeli