Poesias de Maio de 2012

LEDO ENGANO


Felicidade não tem som de alaúde,
nem a bem-aventurança da beatitude.
Felicidade tem arestas
e tem frestas
e tem coisas por detrás do pano.
Felicidade é faca de ponta,
é jogo que se desmonta,
é colar que se arrebenta
(espalha conta no chão).
Felicidade não é o que aparenta:
placidez e mansidão


Wanderlino Teixeira





SER MÃE


Ser mãe, é amar sem fronteiras,
sem limite, é doar-se por inteiro...
é educar, ensinar a arte de amar e respeitar,
para com dignidade na vida caminhar.

Ser mãe, é bênção divina,
carinho, doçura, esplendor,
o mais puro, intenso e sublime amor
que Deus criou.


Marilda Conceição






EU, CAÇADOR DE MIM!


As cores destacadas
Nas faces da inocência
De uma criança na estrada.
Da vida, nada tem levado!
Exceto do preto e do branco o contraste
De duas aves sufocadas
Pelo desastre da miséria e da fome
Alimentadas pelo homem...
Pés descalços na vermelha terra
Que jorra o sangue da guerra...
Sem armas aparentes...
Mas basta olhar as sementes
Que fundam ao seu caminhar!
Terra pobre!
Rosto nobre!
Embora os cabelos espevitados,
Muito bem pintados
Retratam o momento do menino
Caçador!
Expressam as cores, suas dores!
Quem sabe, um dia,
As tintas não lhe dêem
Um momento
De o mundo expiar a dor
De um pequeno engolidor
Dos que lhe retiraram a decência!
Mundo repleto de demência!
Em misturando cores,
Possam surgir novos amores,
Um futuro Homem, que come,
Embora
Sem nome!


Maria Granzoto da Silva





MANHÃ BAILARINA



Amanhã promete ser outro dia:
a manhã, ainda menina
teima com as sombras da noite
e mostra um tímido raio de sol
brincando alegre
no arrebol.
Logo será bailarina
e dançará, contente,
tecendo caminhos sobre o teclado;
e, decidida,
erguerá uma taça de vinho
à nova vida.
A manhã é mulher
e cantará canções de acalanto
ao seu amado.


M. Esther Torinho





MULHER... A VIDA!...


Sim!... É a partir dela que começa a vida...
Mulher é gênese, alfa da concepção!
É a superprotetora do embrião,
Em sublime encargo, por Deus escolhida.

Em seu ventre, traz o feto em proteção.
Dá à luz!... A espécie que se perpetua!
Amamenta... Missão exclusiva sua!...
Ao crescer da cria, dá-lhe educação.

Do filho, vive as vitórias e fracassos.
Às vezes, no lugar de mãe e de pai;
Porém, é aí que sempre se sobressai
O instinto de uma mulher ao dar os passos.

Mulher é a vida... Ela é um ser polivalente!
Ora é mãe; depois é a companheira e a amante,
Detalhes que o homem conhece bastante...
Sem ela, não seria um sobrevivente!

Mulher é a vida... Se revestiu de glória!
Competência lhe resultou em conquista.
Eis que agora na sociedade ela é vista,
Pari passu ao homem, a fazer a História.


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 06.03.2005





CIRANDA EM PASSARELA


Neste canto de ciranda
roda a vida a desfilar.
Passam ventos na varanda,
passam rimas devagar.

Passam sons de passarinho,
murmúrios da beira-mar.
Passa a fonte em burburinho,
passa a vela a tremular.

A ciranda gira a roda,
a rosa vai desfolhar.
A tristeza se acomoda,
o riso vai disparar.

Passam nuvens lá no alto,
levam sonhos para o além.
Enquanto dorme o asfalto
eu me vou e você vem.

Passa o boi passa a boiada
num caminho de ninguém.
Passa a lama escancarada
num grito que não convém.

Passa o cego, passa o mudo
e o surdo que é mais feliz.
Também passa o abelhudo
que da vida é aprendiz.

Desfilam palavras tolas,
roucas, ocas, poucas, mil...
Passam seringas e ampolas
nos escuros de um covil.

Mas passa a fé e a esperança,
passa o amor e a lealdade.
Passa o riso de criança
num lampejo de bondade.

Passa a rosa desfolhada
sorrindo neste jardim.
Em lágrimas traz o verde
descolorindo o carmim.

Eu passo também cantando
fazendo o que sempre faço.
Na pena o verbo chorando,
no peito a flor de um abraço.


Cleide Canton

SP, 31/07/2005 - 16:30 horas






FOI ASSIM...


Ao ver que vinhas solitário e triste,
A minha mão eu te estendi serena
E a ti eu dei minha ilusão mais plena
Como jamais, disseste, um dia viste.

A um sentimento assim ninguém resiste,
Tornada imensa uma paixão pequena,
Que nasce, cresce, e vem, e ganha a cena
Em cada ato em que o amar persiste.

Mas resististe a todo o amor que eu dava
E mal sentias o frescor das flores
Apaixonadas que em buquê eu mandava...

Se foram teus os meus sutis olores,
Não era meu o que de ti exalava,
Mas dos teus muitos e febris amores.


Regina Coeli




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