Sócio proprietário
Não me pergunte
não me assunte
não me apoquente.
Hoje não quero festa.
Quero simplesmente estar sozinho
abertura mínima de fresta.
Não quero pares
não quero luzes
não quero frases
não quero cores.
Quero ouvir o meu silêncio
nesse dia de clausura
nessa hora verdadeira
nesse gosto de distância
nesse gesto de cansaço
nessa derradeira instância.
Quero a sensação de dispor da solidão.
Wanderlino Teixeira
CHIQUINHA
A Chiquinha chegou
e chegou toda chique!
Uma faixa amarela
enfeitando a cintura.
Veio alegre, sorrindo,
esbanjando emoção,
muita graça e feitiço,
cantando... dançando...
levando um pandeiro
batendo na mão:
xique-xique xique-xique
xique-xique xique-xique
xique-xique xique-xique...
Morena bonita,
dengosa e catita,
provoca na gente
vontade também
de entrar na folia,
sair pela rua,
formar um cordão,
cantando, dançando,
levando um pandeiro
batendo na mão:
xique-xique xique-xique
xique-xique xique-xique
xique-xique xique-xique...
Neide Barros Rêgo
PRIMAVERA SERTANEJA
Recordo com saudades minha terra.
Além da serra, tudo azul sob o céu lindo;
Pássaros vindo e indo pela serra
E a primavera a tudo reflorindo.
Cantos de galo anunciando a aurora,
Marcava a hora de um novo dia,
Então saía pelo pasto afora
E no cabresto o burrão trazia.
Ainda ouço o aboio e berrante,
Que em tom vibrante no passado ecoa
E a viola soa pela mão amante,
Na voz cantante que o caboclo entoa.
Parti trazendo meu sertão presente,
Restou somente da felicidade,
Na atualidade, esta dor pungente
Que, insistente, hoje virou saudade.
Geraldo Generoso
Homenagem ao Cantor Tinoco, o rei de Música Sertaneja Raíz
FRAGRÂNCIA
Amei-te no perfume delicioso
Brotado dos teus versos bem faceiros
Cheirando ao doce tom dos jasmineiros
Floridos num passado esplendoroso.
Nas rimas evolavas um dengoso
Aroma, e em teus balanços seresteiros
Embalavas-me os sonhos nos canteiros
Do teu poema lindo e tão amoroso.
Aos poucos teu silêncio foi chegando
E a rima, que cantava e me sorria,
Não tinha mais olor me inebriando.
Acaso me perdi da fantasia
Ou, aberto o teu frasco a um novo quando,
Deixaste evaporar a poesia?
Regina Coeli
NOSSA "PRAÇA DA APOTEOSE"
Quanta saudade do Carnaval passado!
Soberbo nos sonhos, farto em fantasia...
Dois teclados a comandar a folia,
Ao sabor de amor virtual inflamado.
Nossos passos dispensavam samba-enredo,
Nada de confete nem música ao vivo...
Carnaval de eito cibernético, ativo,
Varando as noites, até de manhã cedo.
De fora, não nos chegava o movimento,
Puro silêncio marcava o tom da orgia.
Só mesmo o pulsar do coração se ouvia,
O mundo era nós dois àquele momento.
Longe dos desfiles e da multidão,
Trocávamos juras ao computador.
À distância, nossos enlevos de amor,
Rimas de coração para coração.
Sequioso estou para repetir a dose,
Eis que o Carnaval está para chegar...
São dois computadores a desfilar
Em nossa virtual "Praça da Apoteose".
Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 12.02.2010
MEU MAR
Mar
que me fascina
e me traz
a sensação de liberdade
para o meu espírito
rebelde,
errante,
sempre insatisfeito !
Quanto aprendi,
meu mar,
nas conversas que trocamos.
Este mar que me devolve
lembranças de uma infância feliz,
soube também me ensinar
que construirmos castelos de areia
pode significar a decepção de perdê-los
de um momento para outro!
Mas isto nunca me desanimou.
Ensinou-me a lutar pela vida!
Mar Amigo!
Meu amigo Mar,
traiçoeiro para alguns,
que não conseguem entender seus limites
nem suas lições de vida;
pois nunca observaram com maior cuidado
ondas maiores e redemoinhos.
Mas, para os que o respeitam,
a eterna paixão!
Angela Stefanelli de Moraes