POEMA DAS MORTES MUITAS
São muitas mortes embutidas
nas dobras de nossas vidas:
as metas inatingidas,
as amizades desfeitas,
as injustiças, as rejeições,
as incompreensões das mentes estreitas,
as tantas desatenções.
Existe morte, inclusive, na ilusão passageira.
São mortes muitas, antes da derradeira.
Morre-se no desamor
e na dor do semelhante.
Morre-se a cada instante,
mesmo de mal de amor.
Há morte no desencanto,
quando seca o pranto
e o coração embrutece.
Ouso dizer:
a morte ateia tece
naquilo que acontece
ou deixa de acontecer.
A morte traz consigo a desfaçatez:
mil vezes a gente morre
antes de morer de vez.
Wanderlino Teixeira
ENTRE POETAS
Estar entre poetas
é estar entre crianças,
almas puras, a brincar,
a exibir suas façanhas
e nunca pensar no mal.
É como estar entre irmãos
(irmãos que se querem bem),
vivendo a invocar lembranças...
É ter o mesmo ideal.
Estar entre poetas
é como habitar num horto,
molhando os pés no riacho,
pisando os seixos do chão,
andando a esmo, absorto.
É caminhar entre artistas,
ser íntimo das estrelas
e, mesmo de olhos fechados,
continuar sempre a vê-las.
Estar entre poetas
é construir um cenário
repleto de fantasias...
E com eles, de mãos dadas,
comungar os sonhos seus.
Estar entre poetas
é estar perto de Deus.
Neide Barros Rêgo
(2001)
O POEMA E O POETA
Abre-se a gaveta
e do fundo
espreitam linhas inteiras
de rimas, ritmos, versos
fragmentos formando um poema-desconcerto
em um desejo inconfessado
de ser lido.
no íntimo do poeta
comprime-se o ofício do sentir
e a necessidade ainda mais premente
de (des)integrar-se
entregrando-se ao universo.
na esperança vã
de que algo possa fazer sentido.
M. Esther Torinho
SEMPRE É TEMPO
Levanta essa tua mão para um carinho
e tece a rede mestra da amizade.
É tempo de florir no teu caminho
sementeiras de amor e de verdade.
Destrona o teu orgulho idolatrado,
enterra qualquer ranço sem rancor.
Apaga qualquer fato do passado
que teime em macular o teu valor.
É tempo, sempre é tempo de mudança
no espaço sem limites do saber.
Aperta a mão que tece a esperança
com garra de quem sabe o que é viver.
O coração envolto num sorriso
espanta qualquer vício de conduta.
Crer num amanhã sempre é preciso!
É a força que põe fim a tua luta.
Cleide Canton
São Carlos, 07/10/2011, 19:30 horas
Primavera: Flores, Perfumes, Amores
Foi num jardim que eu conheci o amor
Envolto no frescor de rubra rosa;
Flertou com a verbena, suspirosa,
Sorriu quando vibrou em cada flor...
Bailou tão belamente sonhador
Por cada aleia linda e bem cheirosa,
Depois alçou seu voo e, todo prosa,
Jogou-me um beijo alegre e sedutor...
Suspiro sonhos meigos, mas distantes,
De o beija-flor voltar ao coração
Da minha flor em voos mais rasantes
Na primavera... mágica estação
Das flores que valseiam, esfuziantes,
Como se entrasse o amor pelo portão...
Regina Coeli
O POEMA E O POETA
Abre-se a gaveta
e do fundo
espreitam linhas inteiras
de rimas, ritmos, versos
fragmentos formando um poema-desconcerto
em um desejo inconfessado
de ser lido.
no íntimo do poeta
comprime-se o ofício do sentir
e a necessidade ainda mais premente
de (des)integrar-se
entregrando-se ao universo.
na esperança vã
de que algo possa fazer sentido.
M. Esther Torinho
OLHAR DE POETA
Olhar de poeta capta bem diferente...
Em vez de empecilhos, só vê a beleza!
É o poeta que sempre passa pra gente,
Dos puros sentimentos, a sutileza.
Da adversidade, faz nascer sua poesia,
Nas densas trevas, o poeta forja a luz;
Sabe transformar tristeza em alegria,
No vulto de Judas, projeta Jesus.
O poeta olha com fachos da percepção
De quem sabe mostrar encanto em sua rima.
O olhar do poeta revela a sensação
De um ser altaneiro que enxerga por cima.
A Pátria, sob o lírico olhar de um poeta,
Faz-se reconhecida em seu esplendor.
Uma atitude de postura correta,
De quem em seus versos lhe dedica amor.
No olhar do poeta, sempre existe a magia
De tudo transformar em inspiração.
Para os versos de amor ou de rebeldia,
Seu olhar vira antena do coração.
Ógui Lourenço Mauri
11.03.2006