Poesias de Fevereiro de 2011

TINTAS E TRAÇOS


Tonto de tanta tinta,
atento que meu intento tem múltiplos tons.
Trato de traçar outros traços,
riscar espaços com giz e carvão.
Só então pressinto: não o fiz em vão.



Wanderlino Teixeira




MULHER, A ABENÇOADA


Presentes, sorridentes, buscam o seu lugar,
seu direito de sonhar.

Guerreiras, transformadoras, são eternas doadoras
de carinho e bem-estar.

Inteligentes, conscientes, procuram levar a paz
neste tempo tão fugaz.

Renovando seus conceitos, conquistam seus
direitos de fazer e acontecer.

Quebrando as correntes desta vida de machistas,
são doces idealistas e belas suas conquistas.

Neste mundo, tão aflito, de discriminação
e violência oferecem amor e paciência.

Não existe nada, nada, de tão puro
e infinito que seja assim tão bonito.


Dionilce de Faria



INSTANTES ETERNOS


Das cores cinzas pincelando a tela
Num dégradé sombrio e reticente,
A mão admirou a toda a gente
E fez a rosa linda e amarela.

E foi encanto abrindo-se à janela
Tão bela flor sorrindo ao sol nascente,
Que a mão, confiante, olhou à sua frente
E esboçou rubra rosa mais que bela.

Uma pintura alçada em dois instantes
Na ponta de um pincel a uma paixão
Colorida em dois tons apaixonantes...

Em fina e eterna forja, o coração
Fluiu o esboço das lindas rosas antes,
Que ora se abrem no quadro da emoção!


Regina Coeli



DELIRA A POESIA


O que sabes de poesia?
Sabes do amor poeta,
confessas sentimentos ao papel
desenhas versos com sensibilidade e magia.

E do amor que cala
nas profundezas do teu ser
inebriando tua alma de inspiração,
delira a poesia num grito de emoção!


Marilda Conceição

RJ, 07/12/2010



GESTOS E PALAVRAS


Gesto é um termo de duas definições:
Dá, a primeira, ideia de movimento,
Enquanto a segunda tem por fundamento
O brilho e enlevo de certas ações.

Temos na palavra a exteriorização
Do que nosso íntimo deixa vazar.
A palavra é instrumento singular,
Algo refratário ou de aproximação.

Teus gestos e palavras lembram poesias
Exclusivas das aptidões femininas.
Parecem versos de rimas repentinas,
Que atiçam meus desejos e fantasias.

Sabes usar tais dotes com maestria,
És mulher inteligente e resoluta.
Em todas as batalhas, ganhas a luta;
No amor e nas lides de todos os dias.

Sou vidrado em tua poesia e lucidez...
No visco de teus traquejos, me prendi;
Teus gestos humanos, eu sempre aplaudi
E às tuas palavras, entreguei-me de vez.


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 14/05/2010.



NÉ MESMO?


É! Vai colocando a máscara na face
e cala a dor porque hoje é carnaval.
Se para tantos deu-se o desenlace
que importa agora! A morte é tão banal!

Que importa o choro, o desespero alheio,
e tanto sangue na terra, apodrecido.
Que importa a peste, maior é seu anseio
de ser feliz num mundo estarrecido.

Que importa o vício, a fraude deslavada,
a trama urdida, a venda, a impunidade,
o canto triste da alma abandonada,
desilusões por conta da maldade.

Que importa o crime, o excesso de poder
em mãos que contam com o populismo,
se os tamborins conseguem esconder
o som maior do democraticismo?

É! Vai desfilando na bela fantasia,
no salto alto em disfarce negligente,
pois pés no chão perderam a ousadia
de ler a dor da terra incandescente.

É! Vai sambando, desfrute a energia.
Descanse após o belo sonho, a esmo.
Afinal, é tão linda a fantasia
que vai durar o ano todo, né mesmo?


Cleide Canton



Galeria das saudades

 
Parece que foi ontem...
e no entanto já faz tanto tempo!
As noites pareciam ser mais longas,
salpicadas pelos risos juvenis...
Era tão fácil ser feliz!
 
Briguinhas de ciúmes...
depois fazer as pazes,
envoltos na bandeira desse amor,
que tinha tudo para ser eterno...
Mas de repente... faltou calor!
 
Tal qual o brilho dos desfiles,
das ricas fantasias, pedrarias...
que se ostentam no palco, quatro dias,
depois lembranças, nada mais...
 
E a gente espera outros carnavais!
E outra bandeira, que não chega,
outro segredo, que não tem
o mesmo encanto desse querer-bem.
 
Vivamos, pois, intensamente,
cada gotinha dessas noites lindas,
que um dia, todas elas serão postas,
na galeria das nossas saudades
e estas sim, serão infindas!
 

Tere Penhabe
Santos, 16/02/2010



TU !


Senti o papel que terias em minha vida
Quando por primeira vez vi o teu olhar;
Mas..., como em idade era criança ainda,
Não notaste o desejo que tive de te beijar!

Teu olhar para mim era uma carícia,
Que deixava revolto meu desejo alvoroçado!
Seria pecado desejar de um beijo toda a delícia?,
Seria crime eu me entregar a ente tão amado?

Ora!..., imaginava: -Agir de outro modo é hipocrisia,
Estaria levando uma vida de fingimento!...
Que fizeste?: -Negaste o beijo que eu tanto queria,
Dando-me um amor que me iludiu por um momento!

Hoje, só, acordada, com o peso da realidade,
Vejo desfeito todo um sonho de amor tão caro!...
A vida é rude e não paga com felicidade,
Noites sem sono, sem amor e sem pecado...

Olhando nosso "Ninho" vejo-o tão silencioso...
-Sabes por que? -Porque não tenho o teu beijo!...
Porque tu, se me trazes paz e és cuidadoso
Causas-me intranqüilidade, febre e desejo!

Sabes?, por vezes a gente pressente
O que está para vir, e, vindo, se desilude!
Eu sabia que a amargura me faria doente,
Eu sabia!..., sempre mostraste inquietude!

Mas..., consolo-me com a felicidade inconstante,
E se não terei o beijo que não me deste,... Enfim,
Quem sabe?, talvez beijes alguma boca adiante
Com o pensamento voltado para mim!...


Leyla Gomes



MARÍLIA


Se penso na palavra ar,
respiro profundamente.
Encho os pulmões
consciente do prazer de respirar.

Se acrescento a letra m
à palavra ar, escrevo mar.
E recordo o mar tranquilo
da praia de São Francisco.

E Charitas, com suas águas tão mansas,
mais parece uma lagoa.
Que vontade de pegar uma canoa
e aportar naquela ilha!

Mar... ilha... mar... ilha...
faz lembrar-me de Marília
– não a musa do Dirceu ­–
Marília que diz assim:

“Se sou uma bruxa?
É claro que sou!
No lugar da vassoura
tenho uma caneta,
no lugar das poções mágicas
tenho minhas idéias. ......
Sou uma bruxa
e bruxa não morre:
vira estrela de verdade!”

Marília:
Bruxa, estrela...
Poções mágicas, idéias...
Poesia!


Neide Barros Rêgo

para Marília Costa Machado (1998).



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