Poesias de Dezembro de 2010

ÁRVORE DE NATAL


Vejo tomando forma lentamente,
Como se fossem elos de corrente
A minha árvore que sempre é linda!
Parece até com um quebra-cabeça
Mas é preciso que eu nunca me esqueça
Que a melhor peça é a estrela que finda.

Acho que algumas já estão faltando...
Foram, por certo aos poucos se quebrando,
Ou terá sido eu que as perdi?...
Confesso que não sei, tudo é confuso,
Pode ter sido algum fantasma intruso
Porém eu sei que falta peça ali...

Onde estará aquele papai-noel
De barba longa e os olhos cor de mel
Que tanto abarrotou-me de promessas...
E garantiu-me a casa pequenina
Lá no passado, quando era menina
E não ganhei das grandes e nem dessas.

E o que foi feito (Céus!) de outro pingente,
Aquele tão brilhante e impertinente,
Que despertava o meu sonho constante?
Eu posso até jurar que vi um dia
No seu intenso brilho, mais magia
Ao refletir os olhos de um amante...

Falta ainda um anjo desse meio torto
Que tinha aquele olhar de peixe morto
Mas parecia ser anjo de guarda...
Lembro de quando para ele eu olhava,
Algo dentro do peito tremulava
Como a mãe que olha o filho numa farda.

Santo Deus! Ela não está completa...
Falta ainda uma pequena bicicleta
Com tantos pacotinhos no cestinho...
Eu ficava a pensar arrepiada
Que acabaria dando uma virada
Derrubando meus sonhos no caminho.

Acho que sou uma autêntica cigana,
Dessa que sabe tudo e não engana...
Porque perdi, de fato, tantos sonhos
E sem querer, parece que eu previa
Que esse desastre, um dia eu veria.

Eu vou continuar, mesmo faltando
Sei que ao final eu acabo é gostando!
Nas vagas onde sei que falta peça
Eu pedirei a algum anjo moderno
Dos poliglotas que ainda usam terno
Para que eles me tragam mais promessa.

Quem sabe para o próximo Natal
O que alguém recusou e achou banal
Poderá vir a ser muito importante...
Que ele jamais consiga viver sem
E queira finalmente ser meu bem
E eu terei então um Natal brilhante!


Tere Penhabe
Santos, 30.11.2007




NATAL


Quando penso no Natal,
recordo Jesus-Menino,
tão frágil, tão pequenino,
a sorrir, na manjedoura.
No presépio, a seu lado,
penso em Maria e José,
a mais Sagrada Família,
imagem de amor e fé.

Imagino aquela estrela,
tão alta, brilhante e bela,
a guiar os Três Reis Magos
pela estrada de Belém.
E me lembro dos presentes,
da família reunida,
dos pinheiros enfeitados
de luzes, bolas e cores.

Meu pensamento vagueia...
Dentro das casas fechadas,
vejo crianças felizes,
tão bem vestidas, amadas!...
De repente, me entristeço
ao recordar que, lá fora,
há pequeninos carentes,
que não têm felicidade
nem no dia de Natal.

Dois mil anos se passaram!

E nos lembramos, apenas,
de dar, no mês de dezembro,
a esses pobres meninos,
uma noite de alegria.
Quem dera

fosse Natal todo dia!...


Neide Barros Rêgo




PAI NOTÁVEL


Meu pai era brincalhão e amoroso,
daqueles que um filho nunca esquece,
quando me lembro dele fico choroso,
mas o bom filho não chora, agradece.

Sou grato a Deus por sua paternidade,
seu amor fez minha vida ser aceitável,
de exagerar não tenho necessidade
quando digo que ele foi um pai notável.

Agora, que sou pai, consigo entender
como ele estava sempre sábio e certo,
posso finalmente o compreender,
pois também quero meu filho por perto.

Despedir-me dele foi triste e doloroso,
mas a dor foi passando a cada dia mais,
ficando seu exemplo digno e honroso
e a certeza de que eu o amo demais.


Lupércio Mundim
Goiânia, 6 de novembro de 2010 – 20:15 h.



QUEBRA DE SIGILO


Tendo o porto do meu corpo por abrigo, ancore-se comigo
e busque que se roce em mim numa carícia
no princípio leve, sem malícia.
Descanse, após, os seios no meu peito
até fincá-los feito dois esteios.
Pouse então em mim lábios de ternura
e faça-me um comício de sussurros.
Deixe-me trilhar os seus caminhos,
percorrer seus becos, seus recantos, seus atalhos,
esculpir-lhe com meus beijos mil entalhos.
Cúmplice dos seus carinhos,
permita-me desvendar sem atrapalhos
todos os segredos dos seus escaninhos.


Wanderlino Teixeira




ACORDA, NOEL


Acorda, Noel! É hora
de alegrar a meninada
que passou o ano afora
e vai ficar  acordada,
esperando o seu presente
de alma pura, carente,
e te pediu quase nada.

Acorda Noel! Releia
cada carta, cada apelo
que nestas horas vagueia
entre sonho e pesadelo
de ser ou não premiado,
por ser ou não comportado,
mas contando com teu zelo.

Acorda, Noel! Entenda
esta minha insistência,
pois não confio na venda
dos mimos que a inocência
pediu e quer receber,
crente que ainda vai ter,
de ti a benevolência.

Acorda, Noel! Sou eu,
insistindo em ser criança,
pois ainda não morreu
a minha fé, a esperança,
de ver o amor vencedor
sobre a maldade e o rancor
que pesam nesta balança.

Acorda, Noel! Escuta
o meu apelo infantil,
insistindo na labuta
pelo gigante Brasil,
qu'inda padece de fome,
numa angústia que consome
este povo varonil.

Acorda, Noel! É dia
de usar o seu trenó
e mostrar que a alegria
não é gasosa nem pó.
É mais um caso de urgência
a vencer a prepotência
amarga como o jiló.

Acorda, Noel! Desconta
todo esse tempo perdido.
Debita na minha conta
o que gastei no pedido.
Desculpa a minha menina
que, grande, ainda imagina
viver do jeito que ensino.

Acorda Noel! Encanta
aqueles que crêem em ti
e vem regar esta planta
da semente que escolhi.
Que ela vingue cheirosa
em meio de verso e prosa
num sonho que eu não vivi.


Cleide Canton




SOMENTE TU


Te aqueço no calor do meu abraço
Me enlevo em todo afago que te faço
Querendo te levar ao infinito
Dos êxtases frementes e das cores
Que colho no jardim das minhas flores
Naquilo que te dou de mais bonito.

Caminho a tua estrada de prazeres
Percorro os teus atalhos e, sem veres,
Aspiro os teus barrancos verdejantes,
Tuas mansas luas, mares, tuas areias
T ão claras onde flertam, em ti, sereias
Que beijam meus desejos mais flagrantes...

Os teus cabelos, os tenho em minhas m ãos.
S ão fios que descobrem meus desvãos.
Desejos que suponho cor-de-rosa.
Perfumes que imagino no teu todo
E que amo sem perf ídias nem engodo.
Que sejas, no jardim, a minha rosa.


Regina Coeli




O QUE É NATAL?


Natal é luz!
Nascimento de Jesus,
nosso amigo, professor
que nos falou de amor,
humildade, sinceridade,
sem desigualdade.

Ensinou a sublime lição
de dar sem esperar,
abrir o nosso coração
a todos sem exceção.
Saber repartir, partilhar
e alegrias presentear.

Dar esperanças às crianças,
aos velhinhos boas  lembranças,
num gesto terno e fraterno,
com  sentimento eterno,
estender a mão, sem distinção,
trabalhar para confraternização.

Venha Natal!
Estamos esperando.
Boas novas aguardando,
bastante benevolência,
sem tristezas, sem violência,
muita fé nesta existência.


Dionilce de Faria



E O ANIVERSARIANTE?



Na TV, vejo a garota escultural.
No "outdoor", outra; de visual provocante.
Faz-se onipresente o apelo comercial...
E ninguém lembra mais do Aniversariante.

Ficou de lado a confraternização,
O "dar as mãos" já não é tão importante.
Natal deixou de ser festa de cristão
E ninguém lembra mais do Aniversariante.

A pretensa festa-mor da Cristandade,
Aos poucos, derivou para outra variante,
Não revive o Aniversário de verdade
E ninguém lembra mais do Aniversariante.

Papai Noel, "amigo secreto" e algazarra,
Por força da propaganda extravagante,
Tudo impôs ao Aniversário uma farra
E ninguém lembra mais do Aniversariante.

Músicas tocam, anunciando Jesus...
"É Natal!... É Natal...", vibra o comerciante.
Muita festa; fartos presentes e luz...
E ninguém lembra mais do Aniversariante.


Ógui Lourenço Mauri
Catanduva (SP), 08.12.2009.



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