RESPOSTAS
Quem ameaça e afronta,
tenta esconder
insegurança,
covardia,
falta da razão;
respondo com o Desprezo!
Prepotência e arrogância,
significam autodefesa
e espíritos distantes da Luz e da Paz.
A esses,
incapazes,
respondo com a Piedade!
Com seu falso modo de viver
e grande esforço
para se mostrarem felizes,
escondem alguém
com muitas frustrações!
E eu lhes respondo:
- Vivam de Ilusões!
Pessoas
que sabem respeitar o próximo,
desinteressadamente,
são pessoas felizes.
São seres
fortes e realizados.
São pessoas
que não necessitam de respostas.
São abençoadas
Por Deus!
Angela Stefanelli de Moraes
MENINA COR-DE-ROSA
Tão feminina e formosa,
é ainda pequenina, mas bastante vaidosa.
Diz que menino é azul, e menina, cor-de-rosa.
Leva batom e perfume na bolsinha do Jardim:
o da Infância, o Miraflores,
onde brinca de casinha, onde canta, fala inglês
e as “tias” são uns amores!...
E já inventa poesia!... (Não sabe escrever, mas dita).
Por timidez não recita e nem quis dançar balé.
Tem cabelinho cheiroso e... “alguma coisa” no pé!...
Ao contrário da vovó, gosta muito de cachorro,
(principalmente da Kika) e, por ser obediente,
boazinha e educada, ganhou patins de presente.
Dá trabalho é pra comer. Não gosta de quase nada.
Nem de uma fruta sequer: maçã, banana, morango
e nem de doce!... Meu Deus!
Só gosta de arroz-feijão, biscoito de chocolate,
coca-cola, guaraná, pizza, batata frita,
pão de queijo e... mamadeira!
Inda não tem cinco anos, já mexe em computador;
entra e sai do seu programa;
faz desenhos coloridos, pinta o sete.
Tem fama de inteligente!..
Mexe no vídeocassete, desde os dois anos de idade.
Tira fita, bota fita... adora ver o “Pestinha”.
(as falas... sabe de cor).
Não só ela, o irmão também.
Foge pras casas vizinhas, pega fogo, pula, grita;
bota pilha no irmão, faz careta, dança, agita,
rola com ele no chão...
Vive a desenhar bonecas de roupa e cabelos longos...
(diz que o vovô é careca!)
Pega papel, dobra, escreve, desenha e finge que lê;
faz envelopes, grampeia...
“É uma carta pra você!”
Vovó se derrete toda!...
Se emociona, fica prosa, muito feliz e orgulhosa
ao receber uma flor de sua neta querida.
É assim a Gabriela: levada, cheia de vida!
Mas, à noitinha, cansada, de camisola, afinal,
vai pra caminha dormir;
pega na orelha da gente,
vai fechando os seus olhinhos...
E dorme, tranqüilamente, a menina cor-de-rosa.
Neide Barros Rêgo
para Gabriela Pereira Rego (1994)
SUA PRESENÇA NA FAZENDA
Lá na fazenda, quando chega a tarde
e o Sol procura se ocultar, fugir,
vem-me a saudade que tortura e arde,
se eu caminhar por onde a vi sorrir.
Deito-me à noite sem fazer alarde,
mas não desejo ao sono sucumbir.
Rezo em silêncio, peço a Deus que a guarde
e penso nela antes de dormir.
Quanto tempo, nem sei, fico acordado!...
Lembro de tudo que ela me tem dado,
beijos, abraços, muito mais me deu.
Se hoje ela diz que é toda, toda minha,
feliz declaro o que meu peito aninha:
mulher formosa, sou também só teu!...
Edmo Rodrigues Lutterbach
UMA PEQUENA FLOR
Caminhava distraidamente
por meu caminho habitual,
tentando, em minha mente,
resolver um problema atual.
Tão distante dali eu estava,
voando em meu pensamento,
que quando percebi já matava
uma pequena flor no calçamento.
Uma flor é um ser tão delicado
e possui tanto perfume e beleza,
que fiquei muito triste e chocado
por ter cometido tamanha vileza.
Mas Deus, em sua infinita bondade,
me fez entender que a flor morreu
antes que a pisasse sem maldade,
por isto que para o chão ela correu.
A pequena flor, fiquei pensando,
cumpriu sua missão integralmente,
viveu perfumando e embelezando
um mundo que lhe era indiferente.
Lupércio Mundim
CORAÇÕES SECOS
Cântaros recolhem
pedaços de chão seco
onde a chuva
não conseguiu molhar.
Escorrem lamentos
de corações sedentos
almas secas
de tanto chorar.
Choro incontido
da fome a doer
corroer de mentes
onde as sementes?
Subsolo endurecido
tal os corações dos dirigentes
transviados sem direção
a carregar numerário desviado.
Rumo incerto para o povo
qual polvo e seus tentáculos
a procura dos caminhos
encontra destino e desatino.
O caminho longo a percorrer
com a fome a irromper
alimenta-se de esperança
o retirante ao anoitecer.
Dias e dias percorrendo caminhos
do desconhecido pensamento
querendo pão e engolindo vento
vendo o chão correr sob os pés.
Na bússola da memória
sudoeste marca imantada
desvão do coração ansioso
por labuta, recompensa da luta!
Fim do sonho.
Ligia Tomarchio
PELAS FRESTAS DA JANELA
Ultimamente,
um jovem magro, imberbe,
insiste em estar junto a mim.
Surge do nada, silente,
e segue calado ao meu lado.
Pressinto nele uma fala mansa,
mas ele não diz coisa alguma,
lança-me somente um olhar de veludo.
Feito luz a infiltrar-se nas frestas da janela,
tudo se revela e flui:
quem me acaricia e segue,
assim magro, assim imberbe,
é o jovem que um dia eu fui
Wanderlino Teixeira
NENHUM TOCAR JAMAIS HOUVERA!
Após tão longa estiagem,
Do tanto desejar de arestas buriladas,
Trazes-me o impacto feliz e abençoado
Da não existência de "tocares" anteriores!
O homem é novo, irreconhecível,
Excessivamente atraente
Na imposição de carinhos e afagos
Que não quer sentir superados!
De tudo que trouxe comigo,
Só ficou, indelével, a certeza de que,
Escrever hoje não tem sentido!,
Pois o sentido maior está
Em não macular com o sangue das palavras
O "pensar" virgem das lembranças
Que só pode e deve permanecer
Imaculadamente "inatingido"!
Mas..., uma certeza conseguiu ficar:
Se em dando sempre recebemos,
Em recebendo há sempre um dar maior!,
E, aí está o justo momento em que,
Se atarmos alguém numa "cadeia de rosas",
Esse alguém, para sempre, nos será!
Leyla Gomes
FLOR DA SACADA
Era pra ti aquela linda flor
Jogada pra cair no teu chapéu,
Colhida de um pedaço do meu céu
Com perfume de todo o meu amor.
A cada tarde morna em seu calor,
Eu te esperava envolta em doce mel
E na felicidade que hoje, ao léu,
Não vê mais beija-flor na minha flor.
Um dia teu sorriso me faltou,
Fez-se triste o minuto em minha hora
E em minha mão aquela flor murchou...
Espero o teu chapéu a cada agora,
Trazendo o meu sorrir que se findou
Naquela flor que não levaste embora!
Regina Coeli
A RESPOSTA
A ousada natureza,
num cenário de beleza
e de grande tristeza,
dá a sua resposta
à civilização incontrolada,
à tecnologia avançada.
Mar irado, revoltado,
avança suas águas agitadas ,
tremuladas, desfraldadas,
sobre a areia que vagueia,
ocupando o seu espaço
num passo descompassado.
Maré cheia que bloqueia
o livre escoamento,
provocando alagamento,
desnorteia a temperatura,
levando à secura os rios, o ar.
Difícil é respirar!
Frio, calor, ozonosfera.
Na montanha, vulcão a urrar,
expelindo lavas efervescentes,
deixando homens doentes.
Sinais dos tempos letais
nos dias atuais.
Dionilce de Faria