Poesias de Agosto de 2010

CUMPLICIDADE


O amado me protege,
cuida de mim,
é meu porto seguro.

O amado é meu companheiro
de todas as horas,
de cama... e mesa.

O amado é meu amante,
meu cúmplice, meu amigo,
meu par constante.

O amado me inspira paz,
me aproxima de Deus
e me faz feliz.


Neide Barros Rêgo
Para Walmir Ventura Rego, meu marido.



PERFIL DE UMA DECLAMADORA


Subiu ao palco, sorridente e bela,
para dizer a minha poesia.
Fazenda da Saudade, (*) na voz dela,
foi um suave canto de harmonia.

Sua aparência, encantadora e nobre,
pele morena, gestos burilados,
A poetisa veramente encobre
virtudes mil, crescidos predicados.

Cabelos pretos, parte agrisalhada,
contraste lindo com a cor da tez!
A roupa rósea, muito bem talhada,
acentuava, e mais, sua altivez.

Postura firme, afável e extremada,
tanto encantava quanto seduzia.
Voz empostada, tersa, edulcorada,
de perto ou longe, sempre comprazia.

Declamadora de recursos raros,
ares suaves, graça, simpatia,
causava assombro, com sinais bem claros,
aos que a miravam, cheios de estesia.

Foi linda a tarde! Tudo reavivava    
doces lembranças de meus tempos idos!
O dom sublime de quem declamava
foi refrigério para os meus ouvidos.

Com que firmeza ela recitara
meus simples versos! Que brilhante ardor!
O ouvinte atento que ela fascinara
beijou-lhe as faces como beija a flor.

Ao fim da récita, fiquei perplexo
diante da diva, por quem tenho apego.
Seu nome exsurge, com real reflexo,
belo, expressivo: Neide Barros Rêgo.


Edmo Rodrigues Lutterbach

(*) Fazenda em que nasceu Euclydes da Cunha.



Minha estrada


Estou confiante
num futuro deslumbrante.
Na minha estrada
só há rua calçada
de amor e esperança
que me traz confiança.

Vou caminhando,
sorridente,
vivendo o meu
presente.

Agradecendo o viver,
o sol que me aquece,
a lua que enternece
a curva da estrada.

Sou só otimismo,
derrubando
os conceitos,
preconceitos.
Sou vida,
sem partida.


Dionilce de Faria




EU TE SONHO



Eu te sonho e este verbo me permite
ser-te flor que o olhar só acarinha,
e o mel do teu versar ora transmite
o adoçar da visão que não é minha.

Eu te sonho e te vejo transparente
a pousar com afeto em cada flor,
e ao deixar o teu beijo persistente
tu semeias matizes de candor.

Eu te sonho e divago no sonhar
dessas águas que vertem doce alento,
e os rabiscos vão surgindo devagar
pois seguir-te é difícil, mas eu tento.

Eu te sonho e sorrio da beleza
do teu canto a chegar-me com o vento,
e devolvo a ternura, na certeza,
de que sonhas também neste momento.


Cleide Canton




QUIMERA


À tarde, quando o sol em despedida
Beija a faceira lua, apaixonado,
Quisera estar com ela, lado a lado,
Amando-a sem chegada nem partida.

A lua, meigamente enlanguescida,
Se mostra ao sol em branco perolado;
Quisera tê-lo em céu bem estrelado
E só a ele amar por toda a vida...

Destino traiçoeiro, quem traçou?
Negar amor a amantes no infinito
Somente nega quem jamais amou...

Ardeu paixão o sol, raiando em grito
Na luz que a amada lua então gestou,
Parindo o seu luar, manso e bonito!



Regina Coeli



POR FALAR EM ECOLOGIA


Preservar é preciso.
A ordem é não matar.
Urge usar o juízo:
A Terra é  nosso lar.

Respeitar a criação
com tudo em seu lugar,
cada ser tem função
na teia alimentar.

A ordem é conservar,
sem alterar o esquema
para não alterar
o nosso ecossistema.

Seguido ao pé da letra,
Era esse o meu lema.
Mas, em medida extrema
Matei com a caneta
Uma traça suspeita
que roeu meu poema.


Geraldo Generoso



EU SÓ QUERIA SABER?!


Os dias passam...
Os meses se fazem contar...
Os anos nos envelhecem...
A vida “divide ponto”...
Os pontos nos diminuem o tempo...
E  nós aqui..., a vivermos dos momentos das sobras,
Dos espaços vazios que pessoas e afazeres
Permitem-se nos presentear!

E como “bichinhos” perdidos..., vamos nós,
Por esse pouco e por nada, pensando até ser
Por muito,  por alguma coisa,  por tudo...,  vamos
Catando espacinhos nos segundos dos minutos das horas,
Sem nos importarmos se é dia, noite, se faz sol,
Se chove, se estrelas brilham,
Se a lua sorri a sua presença,
Ou se nuvens nos envolvem?...,
Correndo a pegar os momentinhos de nós
Para nos aquecermos peito no peito,
Misturarmos nossas mãos entre abraços e carícias,
Prolongarmos nossos beijos pra bem casá-los no amor,
Vivendo cada instante do carinho
Como se fosse só aquele o permitido para nós!

É por isso  então?!, pelo pouco e pelo nada,
Pelo muito, por alguma coisa, pelo tudo até...,
Que eu só queria saber?:
-Quando tu te levas comigo
Para nos cobrirmos daquele céu, do azul de nós só?

...Realmente?..., eu só queria saber!...


Leyla Gomes Tostes



MEU GRITO!



Grito a cegueira da humanidade
para a fome persistente do mundo!
Abro meu peito e dele, o amor foge
meus momentos de alegria se foram
a tristeza arraigada no meu ser
fere, agride sem dó
o poeta que ora escreve.
Não querem mais saber do poeta
seus velhos escritos amarelaram
sem humor e amor
foram mal interpretados.
Eu grito a dor, o amor,
a guerra, falta de terra,
a fome, injustiça, ausência de
fraternidade, amizade...
Mesmo que o "vento traga o eco da esperança"!



Ligia Tomarchio




PALAVRAS PARA AS PALAVRAS


Ah, as palavras, as palavras...
Servem à ira e à mansidão,
à razão e aos casuísmos,
geram pontes e abismos,
prestam-se ao sussurro e ao libelo,
são bálsamo e são cutelo.
Armas sem travas, as palavras,
quando ditas de modo mordaz,
mas instrumentos de paz
de quem se apraz de usá-las para tal fim.
São assim as palavras:
lava incandescente e mel,
fel e estrela cadente.
(queimam e adocicam,
amargam e refulgem).
Ficam à espera do tempo exato
(semente a germinar no ventre da terra),
mas surgem também num só ato
(enchente a despencar por entre a serra).
Tímidas e agressivas,
ponderadas e intempestivas,
inconsequentes e profundas,
crentes e profanas,
prudentes e afoitas,
indomáveis e escravas.
Ah, as palavras, as palavras...



Wanderlino Teixeira




TRISTEZA


De onde veio?
Por que se instala assim,
de repente,
sem aviso,
sem o meu consentimento?


Por quê?!

Por mais que me aperte o coração,
por mais que me  massacre a alma,
saberei cuidar de você,
minha tristeza!


Cada vez que você se aproxima,
é um sinal de alerta! 
Sinal de que preciso fazer
um balanço da minha vida.


Nesse balanço
descubro que tenho
mais qualidades do que defeitos,
mais acertos do que erros,
mais vitórias que fracassos...
E vejo gente
que me ama bem mais
do que eu imaginava!


Descubro também que,
se eu chamar a  Esperança, 
você, tristeza,
sem suportar esta   inimiga,
começará logo a pensar
em se retirar!


E  descubro ainda  outra sua grande inimiga:
a Alegria! 
Esboço um sorriso
lembrando  bons momentos.
E este sorriso,
aparentemente tão simples,
pouco a pouco,
ilumina a minha alma.


Para ter certeza
de que você vai mesmo embora
para não mais voltar,
mantenho a minha Fé em Deus,
pois a ninguém Ele desampara!



Angela Stefanelli de Moraes



AO MEU PAI, NO ALÉM...


Meu pai, você está vivo aqui em meu coração,
Ainda que não acalente mais meu convívio;
É pensando em você que recupero o alívio,
Sinto que, de onde está, ainda me dá a mão.

Tenho por bússola sua figura no além,
Conferindo minhas vitórias e fracassos;
Eu sei que aí está, a acompanhar meus passos,
Noto sua força a me encaminhar para o bem.

Sua abrupta viagem para um Plano Superior
Sequer interrompeu os seus ensinamentos,
Pois eles me surgem em todos os momentos,
Postulados afeitos ao trabalho e amor.

À minha prole, repasso sua diretriz,
Que fez de mim um homem à sua semelhança,
Preso à luta, sem nunca perder a esperança;
Condutor firme, de uma família feliz.

Às vezes, eu tenho uma vontade incontida
De irmos juntos a um estádio de futebol,
Torcer pelo "Verdão", tomando chuva ou sol,
Voltando felizes ao final da partida.

Ainda trago na mente sua satisfação
Ao comemorar os feitos de cada filho;
Seus olhos, nessas horas, revelavam brilho
Oriundo das dimensões do seu coração.

Como seria bom se eu pudesse estar agora
Comprando seu presente para o Dia dos Pais;
Preocupação gostosa, que não terei mais...
Que pena, meu Velho, que já tenha ido embora!


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva\ (SP), 05.08.2004



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