Poesias de Junho de 2010

ESPELHO MEU


Esse olhar levemente opaco,
esse naco de tristeza expresso nele,
essa pele de brilho escasso,
esse traço de rugas e rusgas,
esses fios brancos, esse viço ausente,
essa distância do que passou,
essa fragrância de antigamente...
Inegavelmente,
meu espelho embaciou.


Wanderlino Teixeira Leite Netto




PALAVRA DA HORA


De onde virão
as horas que escoam
pelo ralo sem sifão
das semanas que voam?

São vivas...ó, se são.
No relógio soam
como uma canção
que os ponteiros entoam.

Chegam mansamente,
sem qualquer alarde.
Ora frias, ora quentes.

Como fogo que arde
ou águas fluentes
a escorrer na  tarde.


Geraldo Peres Generoso




COVARDIA


Sou triste e só. Porém, quando ela passa
primaveril, irradiando luz,
sorridente, gentil, cheia de graça,
não sabe que, formosa, me seduz.

Pisando leve, garça que esvoaça,
ao paraíso, em sonho, me conduz.
vai caminhando, iluminando a praça,
nem desconfia que é a minha cruz!...

Meu olhar brilha, o coração dispara...
“Coragem!” (a paixão ordena) “Fala!
Confessa o teu amor!” Mas reconheço

que sou o ocaso; ela, manhã tão clara!
Manda o bom senso: “Embora sofras, cala!”
E, sufocando o pranto, eu obedeço.


Neide Barros Rêgo




DESENCONTRO


Que pena!
Dei-te a beleza da flor,
me deste o espinho.
Dei-te todo o amor
que em minh'alma florescia.
Me deste a dor,
porque do amor nada conhecias.


Marilda Conceição

09/12/2003



DESPEDIDA SEM ABRAÇO


Apunhalada nas entranhas
insignificante, recolhi-me.
Escondidas, as lágrimas surgiam...
Odor pútrido,
feridas expostas, ainda.

Traída,
em lamentos profanos
desculpas, não esperei.

Do luar,
companheiro de tantos tormentos,
recebi alento
e acuada me deitei.

Magoada,
contrita permanecia
cônscia das convicções adquiridas.
Preocupados raios de sol
em minha face roçaram e rezei.

Perscrutei-me
prostrada a beira mar
meu olhar imantado pelo sol
ergueu-se em súplica...

Coração partido não desculpa
nem atenua a culpa
de quem partindo
um abraço tenha negado.

Entregue às águas gélidas
assim como meu corpo está
no meu último suspiro indolor
sussurro seu nome...



LigiaTomarchio



Decreto de inverno
 


Emprestem-me os risos do mundo!
Preciso de todos e ainda é pouco.
Quero abortar meus medos, espalhar meus segredos,
que a vida começa agora e não tem hora,
para acabar!
Quero um sonho menino, de olhos negros
para vestir de azul e levar a passear!
E nesse sonho, em tempo algum, deixarei de acreditar.
Ah! Eu quero me deitar no meu colchão de armar,
com meu sonho de amar!

E se for difícil, faço dele o meu vício,
tragando avidamente até me sufocar!
Mas quero amar... amar... sem medo de provar.
Morrer de amor, se precisar,
mas nunca mais me abandonar!
 
E se me condenarem,
pedirei perdão...
Que revoguem a pena!
Porque é isso que merece o meu coração.
 
Se a morte, atrevida como é, vier me buscar,
que espere um pouco...
Direi que estou ocupada, não posso ir.
 
Preciso mergulhar nesse amor,
como quem se atira nas maiores ondas,
e desliza sobre elas, surfando...
Com o sol nos abraçando,
cada vez mais, amando... amando... amando...
 
E ouça-me, Vida Minha:
- Vida! Vida...  Não seja inoportuna!
Dispenso seus conceitos e decretos.
Não me venha com essa de que é tarde demais.
 
O tempo só existe nas manchetes dos jornais,
onde hoje, morre mais que ontem,
e menos que há dez anos atrás...
 
Eu acabei de nascer... me deixe em paz!
Pare de querer saber, de tanto perguntar...
 
Depois?
 
Depois não sei.
 
Agora:
- Ficam revogadas todas as disposições em contrário.
 

Tere Penhabe
Santos, 10.08.2008




PORTUGAL


Oh, magna Pátria-Mãe de minha Pátria!
Que aos brasileiros deixou por legado
Extenso território unificado,
Além de preservada a língua mátria.

Portugal, pequeno na Geografia,
És gigante, porém, em tua História!...
Toda ela construída de muita glória,
A partir da primeira dinastia.

Lindo é o rubro-verde de teu pendão,
Tanto quanto o nosso verde-amarelo;
Na "cor da esperança" mantemos o elo
A simbolizar um porvir de união.

Comunidade luso-brasileira...
Fraternidade, mescla cutural!
É o Brasil integrado a Portugal;
Livres, agindo da mesma maneira.
Por ser brasileiro, sou grato a ti!
Por meu país, que deste de presente...
Sem sangue derramado... Comovente!
Pra tua honra e da terra onde nasci...


Ógui Lourenço Mauri




Recomeçar


Fazer um balanço verdadeiro
do que se foi, do que ficou:
amizades, falsidades . . .
Coração quebrado, machucado,
num  tumulto de questões
resolvidas , não resolvidas...

Lamentar não, não é a solução,
experimentar nova direção,
criar, tentar novamente,
aliviar o inconsciente
das lembranças sofridas,
das esperanças perdidas.

Conseguir jogar de novo,
na certeza de ganhar,
poder tentar, recomeçar,
apostar na felicidade,
crer na sinceridade,
num amor de verdade.

Fluir, de dentro, a paixão
pela vida, por tudo,
entoar uma canção,
fazer uma linda oração,
estar sempre confiante
num futuro deslumbrante.


Dionilce de Faria


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