Poesias de Maio de 2010

PIETÀ


Senhora da Piedade –  imagem da tristeza –
a cabeça pendida... e Jesus em seus braços!...
Depois de tanta mágoa e de tantos cansaços,
quase a desfalecer, exaurida, indefesa;
 
após vê-lo na cruz suportar a vileza,
os martírios, o escárnio, em todos os seus passos,
sem poder socorrê-lo, envolvê-lo em abraços;
veria padecer  bem  mais (tenho  certeza)

outra pobre mulher, ao ver o filho morto,
Judas, o traidor, numa corda, enforcado.
Quanto desgosto e dor lhe deu o filho amado!

De ninguém recebeu palavras de conforto.
Somente a mãe de Cristo olhou-a complacente
e, abraçando a infeliz, chorou piedosamente.


Neide Barros Rêgo




ENQUANTO EXISTIR...


Enquanto houver Amor em nós
haverá menos motivos para  sofrimento
e mais compreensão
entre as pessoas.

Enquanto existir Amor,
a inveja
o orgulho
e todos os outros sentimentos negativos
irão se afastar de nós
por não terem encontrado
pouso.

Enquanto houver Amor,
teremos forças
para vencer os obstáculos,
transformando-os
em lição de vida.

Enquanto existir Amor
dentro de nós
estaremos distribuindo
sorrisos contagiantes
que se refletirão
em cada rosto,
cativando e encorajando
todos os que fraquejarem!


Angela Stefanelli de Moraes





TRISTES ESTÁTUAS


Alheias a ultrapassadas façanhas,
onze aranhas armam teias encorpadas
no fio da espada de um general de bronze.

Em protesto à soberba
de quem em certo momento
deu as cartas, ditou cátedra,
um passarinho exacerba.
Seu indignado excremento para tanto se presta:
atinge em cheio a testa de um deputado de pedra.

Já o imortal, esculpido em madeira,
sofre quieto, contrito,
ante a gula sorrateira
do cupim nada erudito.

Assim as estátuas:
impassíveis nos pedestais,
pomposas e indefesas,
tecem mágoas e tristezas,
mais uns sonhos impossíveis
de caminhar pelos parques em manhãs dominicais.


Wanderlino Teixeira




INOCÊNCIA


No tempo em que eu era pequenina,
Sempre eu via a minha mãe plantando
- Com seu jeito tão doce de menina –
No quintal, sua horta organizando...

Alegrava-se vendo a chuva fina
Por sobre suas plantas gotejando
Dizia que era pura vitamina,
Como bênção que do céu vinha cantando!

Um dia, o meu peixinho Januário,
Deitado estava no chão do aquário,
Mamãe não quis que eu visse esse mal.
Tocaram a campainha, eu atendi,
- Perguntaram por mamãe - eu respondi:
Está plantando peixe no quintal.


Irani Gennaro




Minha Mãe... Uma Saudade!


Mamãe, sinto-me um órfão tão solitário,
Um vazio me deixa triste e sem ação...
Em meu íntimo, sinto forte emoção
Quando chega o Dia das Mães no calendário.
 
Como eu gostaria de ter o compromisso
De ainda ir à loja e comprar teu presente,
Passar contigo um domingo diferente
E alguns dias antes, feliz, só pensar nisso.

Saudoso, ainda me lembro de tuas reações,
Lágrimas de alegria, gestos todos teus,
Junto à vasta prole abençoada por Deus;
Cenas sem reprise; hoje, recordações.

Como tu sorrias fácil a qualquer piada,
Mesmo das sem graça que um filho dizia.
Que falta dos domingos com alegria...
Quanta saudade de tua macarronada!

No Dia das Mães, só resta agora o dever
De em tua campa pôr flores, numa visita,
Beijar tua foto, de mirada bonita;
Ritual a cumprir enquanto eu não morrer.


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva (SP), 07.05.2004




Anfitriã


O  carro estacionou no meio do jardim.
Era uma bela manhã azul aquela.
O sol, como a dizer: bem-vinda, amiga!
Parecia beijar o rosto dela.

Vagarosamente, ela desceu.
Passos tímidos, mas firmes.
Até à varanda caminhou.
Parou. Reparou em volta...
Nos braços, um pequeno tesouro trazia.
Olhou-o com doçura...

Por que o semblante da mulher se faz mais lindo 
quando ela, em mãe, um dia, se transforma?

E assim como quem o laço inaugural
desata, à porta de um palácio,
ela entrou de maneira triunfal      
na sala,  ricamente iluminada,
toda ela salpicada  com reflexos do alvorecer.

Foi comovente o que se passou:
– Meu lindo!...Apresento a sua casa!
Aqui você viverá  com seus pais,
 que o amam tanto!
E caminhava, tão contente,
mostrando todos os  recantos à criança,
revelando cada peça ali presente.
A voz, as palavras – suave canção!

Chega, afinal, ao cantinho dele e diz,
 sem conter, aos saltos no peito, o coração,
 e, as lágrimas, sem nenhuma cerimônia, caindo em profusão:
— é aqui, filho adorado, é aqui  que você será muito feliz!!...

Agradecido, com o ar  de um sorriso nos lábios pequeninos,
Guilherme adormeceu...

Gracinha Rego
(para Adriana Rego no dia das mães em 11/05/03)




Pérola rosada



Peguei carona
neste mergulho,
fui ao fundo
encontrar a concha,
tirar a pérola
da emoção.
Enchi-me dela.

Emergi das águas,
a nado, encontrei
a praia,
construir castelos
na areia da
imaginação.

Pérola rosada
faz-me amada,
banha-me com
sua resplandecência,
crie em mim
esta força estranha,
de dimensão tamanha,
toma conta do meu ser.



Dionilce de Faria



FALA-ME DE AMOR


Fala-me de amor
numa explosão de versos encadeados,
com requinte, desejos desabrochados,
num tom macio, refrões intermitentes.
Desperta-me os sonhos dormentes.

Fala-me de amor
sem escolher ou esperar momentos,
sem medo de expor os sentimentos,
sem pausas, sem cortes, sem censura.
Quero embarcar nessa aventura.

Fala-me de amor,
jamais de amor doente ou enjaulado,
preso nas redomas tristes do passado,
coberto de bolores ou em tons pastel.
Lindo é ver-te eterno menestrel.

Fala-me de amor,
de magias, de devaneios, de vôo aberto
no frio do Ártico ou no calor do deserto,
em qualquer lugar deste nosso planeta.
Quero olhar estrelas sem luneta.

Fala-me de amor
sem mistérios, sem rodeios, sem recatos,
sem pensar ou medir seus próprios atos,
sem defesa, sem aparatos, sem bloqueio.
Apenas este é o meu anseio.

Fala-me de amor
antes que o inverno me colha de surpresa,
cheguem ao final as velas da minha mesa
e as chamas qu'inda crepitam na lareira.
Teus versos, meu livro de cabeceira.


Cleide Canton



SONETO PARA DELCY


Escrever um soneto bem bonito,
homenageando alguém muito especial
que na Literatura é mais que um mito,
me torna muito mais sentimental!

Então, navego rumo ao infinito,
encontro a bela rosa no rosal
e a colho, linda e pura como um rito,
para a este soneto dar aval!

E sigo nesta busca de emoção;           
da onda azul do mar, pego o carinho,
e pego o amor do  próprio coração!

Pego também, de  amigos, a alegria,
para pôr, mestra irmã, em teu caminho,  
em dezesseis de maio, no  teu dia!


Gislaine Canales




POEMA DA DESPEDIDA


Não, tu sabes que não fizeste bem.
Que sem você não sou ninguém.
Deixaste no meu olhar a tristeza do teu
quando me disseste adeus.

No meu caminho deixaste tuas pegadas
e uma saudade desesperada,
que vive em minh'alma escondida,
chorando tua partida.

E eu que te amo tanto ainda,
vivo desta saudade infinda. 
Na memória guardo doces lembranças.
No coração escondo lágrimas de dor
e no poema da despedida
exalto nosso amor.



Marilda Conceição




ALMA DESERTA


desertei de mim
desterrada e marcada
punhal cravado
COVARDE
mágoa a sangrar
quisera poder amar
agressor invisível
COVARDE
breu sobre luz
turva visão
cegou minha esperança
COVARDE
escalpo na areia quente
demente ser opressor
grito horripilante
COVARDE
só com meu deserto
escaravelhos, cobras, escorpiões
touro sedento surge
foragido da floresta sombria
mago do mal
COVARDE
socorro!...


Ligia Tomarchio

SP -19/11/2004




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