Poesias de Abril de 2010

APAGA A LUZ, SECA O MAR

Apaga a luz da tua janela,
eu te peço, por favor!
Enquanto meus olhos tristes
perceberem que não dormiste,
estarão em ti os meus sonhos de amor,
acanhados numa longa espera

neste fim de primavera.
Fecha a porta do teu quarto.
Se a sei entreaberta
o desejo me desperta.

Não plantes outra flor em teu jardim.
Far-me-ás pensar
que ainda esperas por mim.

Pinta de outra cor a fachada...
Quem sabe assim
convenço-me de que para ti sou nada.

Se quiseres ouvir nossa música,
ouve baixinho
para que eu não me engane
e não corra para o nosso ninho.

Se quiseres que eu não mais pense em ti,
apaga também as estrelas
e muda a rota da lua.
Embaça os vidros da janela
para que eu não veja o sol chegar,
manda bem longe os passarinhos
para que não me acorde o seu cantar.

Se quiseres mesmo que eu te esqueça,
peça ao céu que meu sonho esmoreça
e mande anjos fecharem meu olhar,
pois não deixarei de pensar em ti
enquanto ainda houver uma gota
na profundeza no mar...


Cleide Canton





MENSAGEM


Porque somos limitados
pela inexorável morte?
porque somos ceifados
independente do porte?

Tivemos o mesmo início
e teremos o mesmo destino,
não importa qual o nosso ofício,
se vestimos o barato ou o fino.

Isto é, de fato, uma mensagem
mostrando que somos semelhantes,
para que ninguém seja selvagem,
acumulando apenas ouro e diamantes.

É preciso ver todo o sofrimento
que com nossa alegria convive,
repartir nosso carinho e alimento
com quem na miséria sobrevive.


Lupércio Mundim





QUERO COLO


Mãe,tenho medo,
quero colo,
abrigar-me debaixo
de suas asas,
da violência, da
frieza... 

Proteger-me do
furacão que invade
os lares, causando dores,
destruindo  amores,
a crença na vida.

Quero ser criança
outra vez,
dormir com
boneca de pano,
brincar de amarelinha,
de roda, de pique,
tomar a sua bênção.

Sentir a paz
da sua presença,
dos seus carinhos,
dos seus zelos,
enxugar minhas
lágrimas em
seus cabelos.

Sentir a força
de seu amor
que faz a vida florir
no jardim da minha
existência.

Mãe, fique aqui, você
é tudo para mim !


Dionilce de Faria



O RELÓGIO


Horas depois de me encontrar com ela
e apaixonado arder, preso em seus braços,
eu deparei com o relógio dela
no leito onde repouso meus cansaços.

Quando partiu (eu vi pela janela),
o meu olhar acompanhou-lhe os passos.
Ia ditosa, radiante, bela!...
Por certo, ia pensando em meus abraços.

Segurei o relógio, ternamente,
daquela que se fora tão contente,
que o esqueceu no instante da partida.

E constatei, surpreso, estar parado,
talvez para deixar eternizado
o encontro mais feliz da minha vida!


Neide Barros Rêgo




PAR CONSTANTE


Mudam as artes, os costumes, a ciência,
o improvável se torna crível.
Apenas minha previsível coerência permanece imutável.



Wanderlino Teixeira





CENA NUA



Como é difícil ter-se que enfrentar,
A imagem crua a refletir defeito,
Que como um molde mais do que perfeito,
Veste o que estamos sempre a criticar.
 
A cena nua teima em apontar,
Aquele insano, rude e vil trejeito,
Da peste do ciúme, do despeito,
Que mesmo um louco iria constatar.
 
O sentimento pobre, que tortura...
Que não posso negar que me corrói,
Mas para admitir, falta coragem.
 
No colo duro dessa desventura,
Sigo a fingir que não fere, não dói,
E não confesso que me faz selvagem.
 

Tere Penhabe

Santos, 17/11/2009




BRASÍLIA, ELES NÃO PRESTAM MAS EU TE AMO!


Cinquentona, com traços de menina,
Sempre mais linda ao avançar na idade.
"Ex-Capital da Esperança" fascina,
Hoje, como "Capital da Realidade".

Tens na classe política um entulho,
Moradores de três dias por semana.
Deixa, porém, túrgido teu orgulho...
Teu brilho, nenhum político empana.

Brasília, eles não prestam mas eu te amo!
Encantas o forasteiro enciumado,
És obra de JK que eu aclamo,
O sonho de Dom Bosco realizado.

Salve, teus verdadeiros habitantes!
Legião de labores ininterruptos,
Que refuta os acenos aliciantes,
Mesmo no meio de tantos corruptos.

Brasília, eles não prestam mas eu te amo!
Tua viva História massacra os escândalos...
Pois teu povo não é do mesmo ramo
Que se ajusta aos políticos e vândalos.

Desde Juscelino, plena de glória,
Quanto mais te conheço, mais me inflamo.
Tua beleza singular é notória...
Brasília, eles não prestam mas eu te amo!


Ógui Lourenço Mauri

Catanduva (SP), 21 de abril de 2010.




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Criado em 1º de Dezembro de 2009