Poesias de Janeiro de 2010

Começar um Ano Novo


Ao começar um Ano Novo
expectativas novas irão aparecer
no horizonte que descortina.
Não sei se quero pensar no que passou
ou se tudo quero esquecer.

Nesse novo jogo da vida quero fortalecer-me
com a sabedoria dos meus  erros.
Quero crescer com  minhas decepções,
agigantar-me com minhas verdades.

Talvez possa ser menos estúpida
e mais necessária.
Quem sabe falar bem menos
e ouvir muito mais.

Sei que a liberdade será limitada
para tudo o que se faz.
Patente está que de nada adianta
ser culto e viver em conflito.
Quem sabe vivendo de forma mais primitiva
possa viver em paz!


Marilena Ferioli Basso

Taquaritinga 10/01/2009




A FLOR E O RIACHO


Ao som das águas, em seu leito frio,
Murmura o riachinho, a formosura
Da flor que de fragrância suave e pura
Desliza suspirando, rumo ao rio.

Fulgurante, ao sabor do desafio,
Lá vai ela ao encontro da aventura,
E o riacho que assiste tal loucura,
Tenta ocultar o seu olhar sombrio!

Por vezes, qual riacho, em nossa vida,
Vemos passar o amor, sem fazer nada!
Cerramo-nos na dor da despedida.

Ó! História cruel que não se finda!
Sempre há um coração que se arrepende
Por tanto, tanto amar, e ama ainda.


Irani de Gennaro




Manhãs


Sonho manhãs a iluminar
pobre corpo adormecido
coração notívago
alma insone a clamar
calor e pássaros a voar.

Bebo manhãs alheias
nas entrelinhas e caminhos
feito sertanejo na estiagem
sedento de amor e poesia.

Colho manhãs em flores
coloridos beija-flores rosados
vida pulsa terra úmida
lamentos vívidos ecoam lentos.

Busco minhas raízes amanhecidas
mortas invisíveis paredes insólitas
varanda da memória ensolarada
eterna caminhada insana.

Alimento manhãs maternas
ternura desaparece na floresta
sinistra sina a perseguir
onde apenas encontro noite e fome.



Lígia Tomarchio





Fragmentos


Em meio à névoa espessa, apitam as embarcações em suas rotas.
Zune o vento e roça nas bandeiras rotas.
Um quê de tristeza abarca os sons.
Também há desalento na mansidão das águas do regato,
no mugido dos bois na vastidão do pasto,
no último vagão do trem a se perder na curva,
na vista que se turva ante o entrave de um estorvo,
na paixão sem sintonia,
na chuva fina de uma noite fria,
no vazio das algibeiras,
no tiquetaque do relógio em noite não dormida,
na despedida, ao toque dos clarins,
e nas cinzas das quartas-feiras,
quando emudece o repique dos tamborins,
o batuque dos atabaques do Olodum arrefece
e a vida volta ao seu lugar-comum.



Wanderlino Teixeira L. Netto




REPENTE


Assim vi minha mãe, sonhando acordada.

Ficaram encantados os tormentos,
sedentos da maldade planejada
e nada mais macula teus momentos,
se ventos se perderam pela estrada.

Perfumes já lavaram as feridas
nascidas da mentira, da vaidade.
Na grade do silêncio, mal paridas,
as lidas se perderam na saudade.

Em busca dos abraços do nirvana,
proclama a alma livre e irreverente
que, crente, se fez salva, não insana.

Saudando-te, esta luz da divindade
invade o teu olhar circunferente,
repente do sabor de majestade.


Cleide Canton





Engano


Sobe o pano,
semblante controlado,
alegria aparente,
tudo é conveniente :
não parecer derrotada,
estagnada, cansada .


Viver ou morrer ?
Confusa , entrego-me
ao novo dia.


Quero renascer,
mudar, regozijar.
Misturar-me aos benditos,
afastar-me dos aflitos,
dilemas, problemas
sem solução.


Anoitece,
o tempo acaba,
fica o engano.
Desce o pano.



Dionilce de Faria



Estações da Vida


Não vi minha mãe passar pelas estações da vida
no meu crescimento lento...
não vi, porque quando nasci
e caminhava pelas alamedas da infância,
minha Mãe era Primavera que amadurecia
rumo ao Verão de dores rudes, sob sóis extenuantes.
Não vi porque eu bailava feito beija-flor
nos parques doces
de despreocupada adolescência...
Quando o Verão entregava minha Mãe no limiar do Outono,
eu pisei a Primavera da minha vida,
sempre feliz e distraída!...
Mas quando veio o Outono eu vi (e como minha Mãe
ficou mais bonita!)
e agora vejo que sempre caminhei sob o carinho
 frondoso dessa árvore majestosa
que deu-me a seiva da Vida!
O Inverno se aproxima...
Nos cabelos negros de minha meiga Mãe Maria,
desce lentamente a neve do tempo...
e ela continua forte e a cada dia mais bonita!
(Só não sei de quantas dores são feitas
as quatro estações da vida da minha Mãe,
porque ela é muito discreta
e eu fui muito distraída).
Eu vejo agora esse Anjo Divino
que veiculou minha vinda à Terra
e zelou por mim passo a passo
e é preciso que eu volte ao passado
e faça um apelo à minha infância,
pois é nela onde encontro o mais puro amor
pra sentir,(sem me distrair),
que ficou impresso em mim para sempre
que Mãe tem alguma coisa de flor,
tem muito de espiritual perfume
tem tudo de sublime amor.



Beth Costa




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