Biografia


 

          Antônio Mariano Alberto de Oliveira foi um dos Fundadores da  tradicional ABL. (Academia Brasileira  de  Letras), na qual ocupou a  cadeira 8, que tinha   como    patrono Cláudio Manoel  da  Costa.  

          Nascido  em   Palmital  de  Saquarema - RJ,   em  28  de   abril  de  1857, faleceu  em Niterói-RJ, em 19 de  janeiro de 1937.

          Além de Poeta parnasiano, foi     também farmacêutico   e   professor, tendo  cursado   ainda,  a   Faculdade   de  Medicina  até o  terceiro  ano, onde estabeleceu fortes   relações de  Amizade  e Literárias, com  o Poeta Olavo Bilac.

          Casou-se em 1899, em Petrópolis, com a viúva Maria da Glória   Rebello   Moreira   e    foram    20    anos  de    muita    felicidade   na    casa   de    Niterói,  onde residiam  com os filhos   até   o  falecimento  de  sua  esposa, que  deixou muitas saudades.

          Na década de 1880, essa casa em Niterói, era frequentada pelos mais ilustres escritores brasileiros, entre os quais: Olavo Bilac, Raul Pompéia, Raimundo Correia, Aluisio e Artur Azevedo, Afonso Celso, Guimarães Passos, Luiz Delfino, Filinto de Almeida, Rodrigo Octavio, Lúcio de Mendonça, Pardal Mallet e Valentim Magalhães. Nessas reuniões, só se conversava sobre Arte e Literatura.

          Em  1892,   foi  oficial  de Gabinete do  Presidente do Estado, Dr. José Tomás da Porciúncula. 
De 1893 a 1898, exerceu o cargo de Diretor Geral da Instrução Pública do Rio de Janeiro. 
No Distrito Federal, foi professor da Escola Normal e da Escola Dramática.

          Durante   toda    a    carreira     literária,   colaborou também nos seguintes jornais cariocas:
 Gazetinha;  A Semana;  Diário  do  Rio  de  Janeiro Mequetrefe; Combate; Gazeta da Noite; Tribuna de Petrópolis;  Revista Brasileira; Correio  da  Manhã;  Revista  do  Brasil;  Revista  de  Portugal; Revista  de Lingüa Portuguesa.

          Chegou    a   possuir    uma    das   bibliotecas    mais escolhidas  e   valiosas    de     clássicos  brasileiros   e  portugueses, que doou à Academia Brasileira de  Letras.

LIVROS PUBLICADOS:

   Canções Românticas-(seu Livro de estréia-1877)
Meridionais (1884)
Sonetos e Poemas (1885)
Versos e Rimas (1895)
Poesias Completas, 1º Série (1900)
Poesias 2º Série (1906)
Poesias, 2 volumes (1912)
Poesias 3º Série (1913)
Poesias, 4º Série (1928)
Poesias Escolhidas (1933)
Póstumas (1944)
Poesia, organizado por Geir Campos (1959)
Poesias completas de Alberto de Oliveira, organizado
por Marco Aurélio Melo Reis, 3 vol

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          Alberto de Oliveira foi um dos maiores cultores do Soneto em lingua portuguesa. Com Raimundo Correia e Olavo Bilac, constituiu a trindade parnasiana no Brasil. A influência do Parnasianismo, sobretudo pelas figuras de Alberto e Bilac, se faria sentir muito além do término como escola, estendendo-se até a irrupção do Modernismo (1922)



Poesias


A HISTÓRIA DE CARMEM

I

Carmem, como a inspirá-la o mar em frente
visse, e a noite a cair calma e estrelada,
tangeu, nervosa e apaixonadamente,
no dourado salão a harpa dourada.

E, aos pausados soluços do instrumento,
ia-lhe a alma de moça (como ao vento,
sem saber onde vai, folha perdida)
ia-lhe a alma num cântico àquela hora
fora pela janela, espaço fora,
longe da casa, longe desta vida.

Mas alguém de repente entra na sala,
e em rude voz que lhe feriu o ouvido:
- “Para que música?” (é o marido) fala.
Não gostava de música o marido.

II

Sem a harpa, a amiga fiel a quem contava
as suas penas e os seus dissabores,
Carmem: - “Não me permitem – suspirava –
“amar a música: amarei as flores.

Desce ao jardim. Borboleteia, esvoaça,
e violetas e cravos, quando passa,
rosas, jasmins, rindo, com as mãos nervosas
colhe. Volta, e ante o espelho às tranças pretas
prende os jasmins, os cravos e as violetas
prende à cintura, prende ao seio as rosas.

E olha, vê-se, revê-se. Quando, ai dela!
o mesmo tom de voz aborrecido:
-“Para que flores?” - a surpreende e gela.
Não gostava de flores o marido.

III

Sem música, sem flores, que seria,
Carmen, de ti, se, em seu poder, que é tanto,
como as flores e a música, a poesia
não viesse as horas te vestir de encanto?

Para Carmen agora a vida é um sonho;
Do verso às asas, o país risonho
vê da ilusão, entre os dourados climas;
lá  vai! Que azul de eternos sóis coberto!
Tanto é o influxo que tem um livro aberto,
um punhado de estrofes e de rimas.

Range, porém, da alcova, a um lado, a porta,
e o tom de sempre, austero e desabrido:
-“Para que versos?” - o êxtase lhe corta.
Não gostava de versos o marido.

IV

Sem poesia, sem música, sem flores,
só e aos vinte anos, quem viver pudera?
Mísera Carmen! Já do rosto as cores
com o pranto esmaiam, já se desespera.

Quando uma vez...Não foi um cavaleiro
(como se diz) em seu corcel ligeiro...
foi das cousas que amava o amor vencido,
vencedor, afinal, que num perfume,
Num som, num verso, como outrora um nume,
A arrebatou dos braços do marido.

E onde hoje vive, ri, doudeja, salta
Carmen, ditosa Carmen, de alegria,
pois para ser feliz nada lhe falta:
nem música, nem flores, nem poesia.






CÉU FLUMINENSE


Chamas-me a ver os céus de outros países,
Também claros, azuis ou de igneas cores,
Mas não violentos, não abrasadores
Como este, bárbaro e implacável – dizes.

O céu que ofendes e de que maldizes,
Basta-me entanto: amo-o com os seus fulgores,
Amam-no poetas, amam-no pintores,
Os que vivem do sonho, e os infelizes.

Desde a infância, as mãos postas, ajoelhado,
Rezando ao pé de minha mãe, que o vejo.
Segue-me sempre... E ora da vida ao fim,

Em vindo o último sono, é meu desejo
Tê-lo sereno assim, todo estrelado,
Ou todo sol, aberto sobre mim.






DENTRO DO SONHO


Tanto de sonho lhe hão chamado a vida
Que por sonho eu a tenho e me convenço
Que tudo nela é sonho, breve ou extenso,
Pouco importa, querida.
Foi sonho aquela vez primeira que nos vimos.
A última sonho foi; o primeiro abraço
Em que os dois nos unimos;
Sonho o dia em que tu entraste por meu braço
Num templo, e logo após na casa que foi nossa;
Sonho o ver-me então moço e o ver-te
também moça...
Vinte anos todos de felicidade!
E de improviso tudo acaba, tudo...
Mas esta dor sem fim, esta saudade,
Aquele golpe rudo,
Tredo e medonho,
-Devo-me conformar - não passou tudo
De um sonho que sonhei dentro do grande
Sonho.





TERCEIRO CANTO


Cajás! Não é que lembra à Laura um dia
(Que dia claro! esplende o mato e cheira!)
Chamar-me para em sua companhia
Saboreá-los sob a cajazeira!

- Vamos sós? perguntei-lhe. E a feiticeira:
- Então! tens medo de ir comigo? - E ria.
Compõe as tranças, salta-me ligeira
Ao braço, o braço no meu braço enfia.

- Uma carreira! - Uma carreira! - Aposto!
A um sinal breve dado de partida,
Corremos. Zune o vento em nosso rosto.

Mas eu me deixo atrás ficar, correndo,
Pois mais vale que a aposta da corrida
Ver-lhe as saias a voar, como vou vendo.



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Criado em 1º de Dezembro de 2009