|
|
Manuel Maria nasceu no Porto (Portugal), cidade onde reside, a 18 de Junho de 1951.
Participou na guerra colonial, como alferes miliciano, em Moçambique, nas províncias de Tete e da Zambézia, de novembro de 1972 a setembro de 1974.
A sua paixão pela literatura fá-lo ingressar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que frequentou como trabalhador-estudante, tendo-se licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Alemães), após o que concorreu à carreira docente, tendo lecionado a disciplina de Português até dezembro de 2008, momento em que lhe foi concedida a aposentação antecipada.
Como colaborador do NOTÍCIAS DE GONDOMAR, de março de 1998 a julho de 2001, assinou a rubrica NÃO-SEI-QUE-DIGA, um espaço de textos de opinião sobre os mais diversos temas.
Como coordenador do TESG – Teatro da Escola Secundária de Gondomar (www.tesg.no.sapo.pt), levou à cena, no Auditório Municipal, de 2002/03 a 2007/08, o Auto da Índia e o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, O Caso do Colesterol Assassino, de Aires Alexandre, Lá Há Índias Mui Formosas, uma recriação do Auto da Índia, e Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro.
Recentemente, viu dois sonetos seus, Poesia e Pessoa, serem selecionados para a antologia Aurora de Poetas, editada por Campo das Letras – Editores, Porto, 2008. É ainda o autor do FAROL DAS LETRAS, um sítio da Internet sobre Literatura Portuguesa, que é gerido desde 21 de Março de 2001: www.faroldasletras.no.sapo.pt.
Obras do autor:
DICIONÁRIO DO PORTUGUÊS BÁSICO (coordenador: Mário Vilela; coautores: Isabel Margarida Duarte, Manuel Maria, Olinda Santana e Olívia Figueiredo), Porto, Edições ASA, 1990;
CHECA É PIOR QUE TURRA – Caricaturas da Guerra Colonial (Romance), Porto, 1996 (edição do autor);
NÃO-SEI-QUE-DIGA I, Porto, 2004 (edição do autor)
(Crónicas publicadas no Notícias de Gondomar de março de 1998 a dezembro de 1999);
CONTAS DE UM OUTRO ROSÁRIO (Romance), Porto, artEscrita Editora, 2007.
|
|
|
Pobre poeta quando as palavras o abandonam.
Com pena, o punho apenas lacera o poema
que gostava de ver gravado com pontas de fogo.
Nada resta - apenas o desassossego da solidão
que teima em não abandonar.
A chama é já mortiça
e apaga-se na cinza de palavras nunca ditas.
E a luz perde-se na imensidão do mar
que afoga a mais indelével vontade.
Porquê teimar contra a onda por salgar?
Houvesse ao menos um polvilho de sal
que espalhasse brancura nesta mancha de papel...
Ó poeta, eras tu a ressuscitar!
Num leve devaneio toca a flauta
Sua dolente música bucólica;
Desenha-se a figura melancólica
Que se esbate nas linhas desta pauta.
Busca eterno refúgio na altura
Da sublime emoção do fogo sacro;
Porém é sua voz um simulacro
Neste jardim de mágoas que perdura.
Mas já fogosa luz se ergue e voa,
Sem mais lamentações em si envoltas,
Num mistério de tempos sem sinais.
E se ao longe a palavra ainda ecoa,
Vejo de minhas asas penas soltas
Em sons que quero etéreos...imortais.
Caminho suavemente na profundidade do teu sono
e baloiço nele o amor num poema para ti.
Num poema...
Como gostaria que fosse um poema a transbordar de amor...
A transbordar de amor em cada verso que escrevesse...
Um poema que tivesse um número infinito de versos
e que todos eles transbordassem de amor por dentro.
Não me cansaria nunca de os contar,
senão quando o amor espalhado em cada verso
me adormecesse na hipnose de um sonho...
De um sonho como aquele de que nasceu a flor
que é o nosso amor mais pequenino.
Queria que fosse um poema tão belo
como as flores das magnólias que desabrocham,
e que te lembrasses do poema
sempre que olhasses as magnólias...
As flores são tão belas e tão curta é a vida...
Que importa, se o gérmen do que é belo baloiça no infinito...
Caminho suavemente no poema do teu sono
e o amor com que termino é o mesmo com que comecei:
éapenas amor.
Cantando espalharei neste soneto
Um amor cristalino, noite e dia,
Deslumbramento, até melancolia,
Da água que brota pura do lajedo.
Meus olhos navegam em sonho aberto
Recolhidos no abrigo de teu corpo;
Naufragam e é ele seguro porto,
Não mais há distante, apenas perto.
Nesta onda desvanece a solidão,
Qual mar com cais apenas de chegada,
Meu rubi, meu eterno coração.
Joia preciosa, fresca madrugada,
Ainda em bruto flameja esta paixão
Que em teus lábios quero ver derramada.
|
|
|